Expliquei ontem que investidores estão sujeitos ao mesmo risco que fogem quando investem em títulos internacionais emitidos por empresas brasileiras. Hoje vou comentar como você pode construir um portfólio otimizado de renda fixa internacional.
Como falei ontem, investir em bonds brasileiros é o mais cômodo e o que a maioria dos brasileiros faz. Esse comportamento ocorre devido à dificuldade de selecionar quais empresas poderíamos investir para não correr risco de crédito. Embora conveniente, se abrigar no que já conhece é incoerente com os objetivos de diversificação e proteção.
Ao investir em bonds brasileiros, você está sujeito aos riscos que está justamente querendo fugir, ao investir fora do Brasil. Mas, tem algo mais simples e eficiente.
A grande vantagem do investimento internacional é o uso de ETFs. ETFs são fundos negociados em bolsa. No Brasil, esta indústria ainda é muito incipiente, mas lá fora, há ETFs de quase qualquer investimento que você procure.
Estes produtos têm a vantagem de serem altamente diversificados. Portanto, o risco de crédito fica muito mitigado.
Não estou sugerindo, mas vou elencar aqui quatro como exemplo que englobam um a variedade básica de tipos de investimento de renda fixa:
- SHYG : ETF de títulos corporativos High Yield de prazo até 5 anos;
- SHY : ETF de títulos públicos americanos de prazo de 1 anos a 3 anos;
- SLQD : ETF de títulos corporativos Investment Grade de prazo até 5 anos;
- STIP : ETF de títulos públicos americanos referenciados à inflação de prazo até 5 anos;
Estes são ETFs que se concentram em títulos com vencimento no curto prazo. Portanto, vão sofrer menos oscilação com taxa de juros.
Neste momento de taxas de juros em elevação pelo mundo, ter títulos de prazo mais curto é o mais adequado, pois sofrem menos com possíveis altas de juros.
Adicionalmente, a curva de juros está invertida. Logo, os títulos mais longos estão com taxas de juros menores que os mais curtos.
A tabela acima mostra nas últimas quatro colunas o desempenho destes ETFs ao longo dos últimos anos.
Você pode perguntar: como ponderar os ETFs na carteira?
Você pode alocar o mesmo investimento para todos de forma igual ou usar um programa de otimização.
Uma sugestão gratuita para otimizar um portfólio é o app Portfolio Visualizer. Este programa otimiza por diversas formas diferentes seu portfólio. Neste link, você encontra o portfólio ótimo formado pelos quatro ETFs listados acima.
Talvez você ache que o retorno destes ETFs listados foi baixo. Entretanto, deve considerar que eles são produtos mais conservadores que o investimento na grande maioria das empresas brasileiras com bonds internacionais. Há alternativas de ETFs com retorno esperado mais elevado, mas estes possuem maior risco, assim como os títulos brasileiros.
Um portfólio de renda fixa bem diversificado, dividido em títulos públicos e privados e com indexadores distintos como este atende aos dois critérios que se procura no investimento internacional: diversificação e proteção.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor
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