A correlação dos retornos anuais do Ibovespa com as variações de preços de commodities é maior que com o índice de ações americanas. Este dado levanta um alerta para o otimismo recentemente observado em nosso mercado.
Neste ano, o índice de commodities se desvaloriza 8,1%. Esta queda de preços reflete em parte o receio de desaceleração econômica global com os aumentos de taxas de juros pelo mundo.
Cerca de 40% do Ibovespa é constituído por empresas do setor de commodities. Esta grande participação leva a uma maior dependência do retorno do índice com a variação dos preços de commodities.
Nos últimos 15 anos, entre 2007 e 2022, o índice de commodities apresentou resultado negativo em sete anos. Não por acaso, em 5 destes 7 anos, o Ibovespa também se desvalorizou. A Tabela abaixo apresenta cada um destes anos e a variação do índice de commodities e o retorno do Ibovespa.
Ano | Índice de commodities | Ibovespa |
---|---|---|
2023 | -8,1% | 6,6% |
2020 | -7,8% | 2,9% |
2018 | -11,6% | 15,0% |
2015 | -27,6% | -13,3% |
2014 | -28,1% | -2,9% |
2013 | -7,6% | -15,5% |
2011 | -2,6% | -18,1% |
2008 | -31,8% | -41,2% |
Dos dois anos de queda das commodities em que o Ibovespa se valorizou, em um deles o retorno foi de apenas 2,9% no ano e significativamente inferior aos de outros índices internacionais de ações.
A expectativa do início do ciclo de queda de juros e a surpresa com o crescimento econômico pesam a favor do nosso mercado de ações. Entretanto, as principais ações no Ibovespa podem não capturar este efeito e outros índices podem ser mais favorecidos. Por exemplo, o índice de empresas de pequena capitalização sobe 14,93% no ano e tem capturado melhor a perspectiva com estes fatores.
Portanto, se decidir por investir em ações para capturar ganhos com a melhor perspectiva de crescimento econômico e de queda de taxas de juros, evite as ações tradicionais dos setores de petróleo, mineração, siderurgia e papel e celulose, também ETFs e fundos passivos no Ibovespa.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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