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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Entenda qual o mais arriscado: investimento em empresas por meio de ações ou de dívida?

O investidor que sofre maior risco é aquele que recebe por último qualquer recurso após a quebra da empresa

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Sempre que falo sobre aplicação em títulos de renda fixa de crédito privado, logo recebo críticas como: você esqueceu de lembrar das empresas que quebraram ou em processo como: Americanas, Rodovias do Tietê, Light e outras. Então, será que aplicar em títulos de crédito é mais arriscado que investir em ações?

O investidor que sofre maior risco é aquele que recebe por último qualquer recurso após a quebra da empresa. (Photo by ANGELA WEISS / AFP) - AFP

De forma errada, é comum pensar que o risco de crédito é maior que o de oscilação de ações.

Costumo associar o risco de crédito com a queda de avião. Quedas de aviões ocorrem menos do que se imagina, mas como quando acontece o impacto é relevante e atinge muitas pessoas ao mesmo tempo, ele é mais traumático. Portanto, acreditamos que ocorre com mais frequência e é pior.

Também, a proporção de empesas com ações negociadas em Bolsa é pequeno em relação ao total de companhias e são apenas as mais maduras que estão listadas. Ao contrário de empresas com títulos de crédito.

Assim, costumamos comparar de forma errada, ou seja, todas as empresas com crédito com as poucas empresas que possuem ações em Bolsa.

Entretanto, o correto a se comparar é dentro do mesmo universo. Nesse caso, devemos comparar o resultado do crédito e de ações apenas nas empresas com ações negociadas em Bolsa.

Quando comparamos de forma correta, o raciocínio para entender quem tem menos risco é simples.

Basta responder a seguinte questão: se uma empresa tem ações em Bolsa e dívidas, como debêntures, e ela quebra, quem é o investidor que recebe por último qualquer recurso que sobra, o acionista ou o credor?

Nesse caso, o acionista sempre é o último a receber. Os acionistas só recebem o que sobra depois que forem pagos os impostos, os direitos dos empregados e os credores.

Muitas vezes quando uma empresa quebra, os credores tomam o lugar dos acionistas que perdem tudo. Isso ocorreu com OGX, com a concessionária Rodovias do Tietê e está ocorrendo em parte com as Americanas neste momento.

Portanto, investir em ações é mais arriscado que em dívida.

Além de ser mais arriscado, o retorno por se investir em ações no Brasil foi pior que o de se investir em renda fixa. Isso ocorreu e ainda pode ocorrer, pois temos uma taxa de juros muito elevada.

Sabemos que as ações tendem a acompanhar o crescimento dos lucros.

Então, pergunte para qualquer analista quanto ele espera que os lucros de uma empresa qualquer da Bolsa subam no longo prazo. Em poucos casos esse analista vai estimar que os lucros cresçam muito acima da inflação no longo prazo.

O lucro médio de um índice pode subir mais que a inflação no longo prazo, pois surgem empresas novatas com alto potencial que puxam a média para cima, mas esse crescimento não será maior que a soma da inflação e do crescimento econômico. A soma destes dois resulta em IPCA+2,5% ao ano.

Entretanto, no Brasil, há plena oferta de títulos de renda fixa isentos de IR de empresas negociadas em Bolsa com taxas de IPCA+6,5% ao ano. Para várias, este retorno é, possivelmente, maior que o crescimento de lucros das próprias empresas.

Assim, o balanço de retorno por risco no investimento de crédito privado no Brasil é excepcionalmente interessante. Você tem risco menor que na ação e em muitas situações retorno melhor.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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