Dentre os investimentos tradicionais disponíveis para o investidor comum, o índice da Bolsa de tecnologia Nasdaq é o ativo que mais se valoriza neste ano. Ele sobe 20,8% em 2023, depois de cair 33,1% no ano anterior. Quando observamos um movimento como este, costumamos pensar que investir em ativos que caíram muito pode ser uma boa estratégia, pois eles tenderiam a reverter o movimento. Será? Uma coisa eu garanto, você vai se impressionar com o resultado.
Para entender se esta percepção é de fato verdadeira, simulei o resultado da estratégia de investir sempre no pior ativo do ano anterior desde 2011.
Selecionei um universo de 10 ativos tradicionais que o investidor pode aplicar seja por meio de ETF ou fundo de investimento.
Os ativos selecionados foram: CDI, IMAB-5, IMAB-5+, Fundos Multimercados, Fundos Imobiliários, Dólar, Ouro, Ibovespa, S&P500 e Nasdaq. Para os menos familiarizados, IMAB-5 e IMAB-5+ são os índices de títulos públicos federais referenciados ao IPCA de vencimento menor que cinco anos e maior que cinco anos, respectivamente.
Por exemplo, o investidor comum poderia ter investido no índice Nasdaq por meio do ETF negociado na B3 com código NASD11. Ele foi o ativo do universo acima com pior desempenho no ano passado.
O resultado da estratégia me surpreendeu e traz duas curiosidades.
Sempre que recebo consulta sobre quais ativos seriam interessantes para se investir com o objetivo de proteção, sou questionado sobre dois em particular. Acho que você já pode imaginar quais são. Ingenuamente, investidores associam a característica de proteção a eles.
Embora tenham esta fama de proteção, curiosamente, estes dois ativos foram os ativos que mais apareceram na listagem de investimento dos últimos 12 anos. Lembre-se que nesta estratégia, se um ativo aparece, quer dizer que ele apresentou pior resultado dentre todos.
A tabela abaixo apresenta a lista de ativos que você investiria em cada ano e o retorno que obteve por investir no respectivo ano. Observe que os ativos ouro e dólar são os dois que mais se repetiram. E são justamente aqueles que carregam a fama de ativos de proteção.
Ano | Ativo | Retorno |
---|---|---|
2023 | Nasdaq | 20,80% |
2022 | Ibovespa | 4,69% |
2021 | Fundos Imobiliários | -2,28% |
2020 | Dólar | 28,93% |
2019 | S&P500 | 28,88% |
2018 | Dólar | 17,13% |
2017 | Dólar | 1,50% |
2016 | Ouro | 8,03% |
2015 | Ouro | -13,31% |
2014 | Ouro | -2,19% |
2013 | Ouro | -28,33% |
2012 | Ibovespa | 7,40% |
Perceba que na lista só aparecem ativos de risco. Os investimentos de renda fixa e os fundos multimercados foram os únicos que nunca despontaram na categoria de pior do ano desde 2011.
O investidor que adotou esta estratégia desde 2011 obteve um retorno de 72,12% no período. Este retorno foi o segundo pior dentre as rentabilidades individuais dos 10 ativos.
Apenas o ouro perdeu desta estratégia no período. O retorno do ouro nos últimos doze anos foi de apenas 22,5% no período.
Este resultado é importante para desmascarar dois mitos que costumo ouvir com frequência. O primeiro é de que ouro é um ativo para proteção. O segundo é o de que ao comprar quando cai não se perde dinheiro.
Cuidado ao tentar investir em ativos simplesmente porque caíram muito. Esta estratégia não se mostrou vencedora no longo prazo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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