De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Ao investir em ações internacionais, melhor ter exposição ao dólar ou aplicar de forma hedgeada?

O investimento internacional em ativos hedgeados produziu melhor retorno e com menor risco

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nesta semana, estou em Nova Iorque em evento chamado Imersão Wall Street e organizado pelo Samuel Ponsoni da Outliers Advisors. Todos os dias estamos visitando uma gestora e discutindo estratégias de investimento internacional, processos de alocação e controle de riscos e a visão dos gestores e economistas sobre o mercado.

Reunião de executivos de investimentos na Imersão Wall Street 2024 na gestora de recursos Western Asset em Nova Iorque.
Reunião de executivos de investimentos da Imersão Wall Street 2024 em visita à gestora de recursos Western Asset em Nova Iorque. - Samuel Ponsoni

Samuel reuniu um grupo excepcional de alocadores para este evento. Foram selecionados 20 executivos das principais instituições. Modéstia à parte, nosso escritório de investimentos também faz parte desta elite que reúne dentre outros, fundos de pensão, multi e single family offices, gestoras de recursos e escritórios de assessoria de investimentos.

Uma das discussões que tive hoje com alguns participantes do grupo foi sobre qual a melhor forma de se expor nos investimentos internacionais.

Neste artigo, vou abordar apenas o investimento em ações, mas a decisão pode mudar um pouco se a aplicação for em produtos de renda fixa internacional e multimercados.

Você pode ter uma exposição acionária internacional investindo diretamente em ações, ou por meio de BDRs, ETFs ou fundos de investimentos.

Existem alguns aspectos tributários que vou deixar para discutir no futuro.

Vou focar em uma das discussões que foi sobre se é melhor investir em produtos hedgeados ou com exposição cambial.

Não é possível dizer qual forma é melhor, mas é importante entender as características de cada uma para, assim, decidir qual a que melhor se adequa ao seu cenário.

O gráfico abaixo apresenta a evolução das três visões: retorno apenas do S&P 500, S&P 500 com efeito do dólar e o S&P 500 hedgeado.

Simulação de investimento de R$ 10 mil em um produto hedgeado e não hedgeado de S&P 500 e no próprio S&P 500.
Simulação de investimento de R$ 10 mil em um produto hedgeado e não hedgeado de S&P 500 e no próprio S&P 500. - Michael Viriato

Para nós brasileiros, a forma mais natural seria a de investir e ter a exposição cambial já que nossa moeda de referência é o Real.

Este enfoque, traz o benefício de ter a exposição ao dólar como elemento de diversificação. Assim, caso ocorra uma desvalorização do câmbio você pode obter retorno adicional desta fonte.

Também, em teoria, o câmbio teria o efeito de suavizar movimentos bruscos dos mercados. Normalmente, quando ocorrem crises e o mercado de ações cai, usualmente, o Real se desvaloriza, ou seja, o dólar se valoriza. Como se está investido em dólar, se ganha com esta valorização.

No gráfico, é possível ver que um investimento de R$ 10 mil, em 2000, no S&P 500 apenas teria resultado em um valor hoje de R$ 38,8 mil (linha verde). Quando se adiciona o efeito do câmbio, ou seja, a valorização do dólar no período, esse retorno sobe para R$ 98,7 mil.

A outra forma de investir internacionalmente é via produtos hedgeados. Esse termo se refere ao fato de se proteger o investimento contra a variação cambial. Se engana quem acredita que isto seja pior. Esta forma traz algumas vantagens.

Quando se faz o hedge, ou seja, a troca de uma moeda por outra, se ganha o diferencial de juro, ou seja, a diferença entre o juro da moeda de destino menos o juro da moeda de origem. Nesse caso, a moeda de destino é o Real, e a de origem é o dólar.

Como nosso juro é maior que o americano, esta operação adiciona um resultado positivo.

Ao longo dos anos, é possível aproximar a média desta diferença a cerca de 50% do CDI. Portanto, quem investiu no S&P500 hedgeado, teria obtido um resultado adicional de cerca de 50% do CDI. Em vários anos, esta diferença foi maior que 50% do CDI, mais recentemente, com a alta dos juros americanos, ela está menor que esse percentual.

Ao longo dos últimos 24 anos, o investimento no índice de ações americano, o S&P 500 de forma hedgeada, além de ter apresentado maior retorno, também apresentou menor volatilidade que a forma com exposição cambial.

Desde 2000, o investimento de R$ 10 mil no S&P 500 de forma hedgeada teria resultado em um valor hoje de R$ 141,9 mil. Logo, um resultado 44% maior que a forma tradicional de exposição com a variação cambial.

Como mencionei, não é possível afirmar que uma forma seja sempre capaz de produzir maior resultado, pois depende de sua expectativa de variação cambial futura e do diferencial de juros entre Brasil e EUA. Entretanto, vale considerar também investimentos hedgeados em sua decisão de investimento internacional em ações.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Fale direto comigo no e-mail.

Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.