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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic copom

Você sabe quando deve vender um investimento?

Se engana quem acha que a decisão de quando comprar um ativo é mais difícil; quando vender é bem pior

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Decidir o momento certo para vender um investimento é um dos dilemas mais complexos enfrentados pelos investidores. Frequentemente, essa decisão é prejudicada por emoções, notícias de última hora, e a pressão de acompanhar os movimentos do mercado. O medo de perder uma alta iminente ou de segurar um ativo durante uma queda profunda pode levar a decisões precipitadas. Se engana quem acha que a decisão de quando comprar um ativo é mais difícil; quando vender é bem pior.

Saber quando vender é mais difícil do que comprar - Reuters

Esta é o dilema da leitora Natalia. Ela me escreveu: "Vemos com frequência dicas e orientações sobre o melhor investimento, qual está rendendo mais e etc, mas gostaria de saber quando é necessário se desfazer de algum, qual escolher? "

Uma abordagem pragmática para a decisão de venda envolve definir objetivos claros e um plano de investimento bem estruturado.

Isso significa saber por que você comprou um determinado ativo e sob quais circunstâncias seria apropriado vendê-lo. Ou seja, quando você investir, já deveria saber em que circunstâncias vender.

Por exemplo, considere que você investiu em um título referenciado ao IPCA. Depois de 2 anos, as taxas caíram forte e você tem um bom lucro. Você já deveria vender?

É possível elencar três justificativas para realizar a venda. A primeira poderia ser pelo atingimento de uma meta de preço. Outra estratégia seria se basear em prazos específicos de rebalanceamento. Por fim, mudanças fundamentais na empresa ou investimento e no cenário econômico poderiam justificar a venda.

Voltando ao exemplo. Se não houve um desbalanceamento da carteira por valorização mais acentuada do título comprado, não haveria por que vender por esta razão. Se você espera que as taxas de juros continuem caindo, também não haveria razão para deixar dinheiro na mesa saindo antes.

Mas, imagine que você acredita que as taxas de juros possam voltar a subir no curto prazo. Essa poderia ser uma boa justificativa, pois a elevação das taxas poderia consumir parte dos ganhos obtidos. Também, se você acredita que as taxas de juros já caíram o que deveriam e o risco de manter não compensa.

Sair só porque você obteve algum lucro, pode ser uma péssima decisão, se ainda existe potencial de alta de preços do ativo.

O acompanhamento regular de cada investimento é crucial, mas isso não significa reagir a cada oscilação do mercado. Em vez disso, revisões periódicas para avaliar o desempenho do investimento em relação aos seus objetivos iniciais podem fornecer uma base mais sólida para decisões. Essa disciplina ajuda a evitar a armadilha comum de vender ativos que estão temporariamente com mal desempenho, mas sem uma razão fundamental para a venda.

Por exemplo, você aplica em um título referenciado ao IPCA e logo em seguida as taxas sobem e o título apresenta prejuízo. Não é por que ele caiu de preço que agora passou a ser um investimento ruim. Se a tese de investimentos permanece, é preciso ter paciência.

Lembre-se, o portfólio deve ser avaliado de forma integrada. A avaliação de cada investimento individualmente pode gerar a perda de benefícios de diversificação.

Uma técnica útil é a reavaliação de portfólio, onde os investimentos são periodicamente ajustados para manter uma alocação de ativos alinhada com o perfil de risco do investidor. Esse processo pode levar naturalmente à venda de investimentos para rebalancear o portfólio, mas é fundamentado em princípios estratégicos em vez de reações a curto prazo.

Outro ponto crítico é o perigo de cair na armadilha de vender sempre os ativos que estão com pior retorno, o que pode levar a um ciclo de vender baixo e comprar alto. Isso é frequentemente o resultado de uma tentativa de evitar perdas, mas ironicamente pode resultar em uma erosão do potencial de ganho a longo prazo. Ao invés disso, uma análise cuidadosa das razões por trás do desempenho de um ativo pode revelar se a venda é justificada ou se seria melhor manter o investimento.

Em última análise, a decisão de vender um investimento deve ser baseada em uma combinação de fatores objetivos, como metas de investimento, estratégias de rebalanceamento, e mudanças fundamentais, ao invés de reações emocionais ou tentativas de tempo de mercado.

Adotar uma abordagem disciplinada e baseada em princípios pode não só ajudar a maximizar os retornos, mas também a manter a paz de espírito ao navegar pelas complexidades do mercado de investimentos.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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