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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Investidores private sentem o peso do risco e ficam atrás dos de varejo

Investidores Private enfrentam um dilema: manter o risco e as perdas ou seguir a abordagem conservadora dos investidores de Varejo?

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É comum ouvir que os investidores com mais recursos possuem mais oportunidades. Entretanto, como apontado na teoria, uma das maiores fontes de explicação do retorno não é a seleção de ativos, mas a alocação entre as classes de ativos. Nesse quesito, o Varejo parece estar ganhando dos investidores Private na última década.

Operador da Bolsa de Nova Iorque (Nyse). Michael M. Santiago/Getty Images/AFP - Getty Images via AFP

A afirmação de que os investidores com mais recursos possuem maiores oportunidades era uma verdade no passado. Entretanto, com o advento das plataformas de investimentos e a redução dos custos operacionais com a tecnologia, a distância entre os dois grupos diminuiu. Diversos produtos que antes exigiam um mínimo elevado, hoje são disponibilizados a partir de valores de até R$ 100.

Mas vamos deixar para falar de produtos em outro momento, pois o que importa hoje é avaliar a alocação entre os ativos.

O relatório mensal de fundos da Anbima divulga os valores que investidores dos diversos segmentos alocam em fundos de cada categoria. Mais de 85% dos ativos dos investidores são alocados em fundos de três categorias: renda fixa, multimercados e ações.

Para estimar o resultado médio dos investidores Private e de Varejo, vou considerar apenas estas três categorias, pois há índices de mercado que retratam bem a média de resultados obtidos em cada uma. Para a categoria de renda fixa, considerei que os investidores dividem os recursos de forma igual entre renda fixa referenciada ao CDI, ao IPCA e prefixada. Para o investimento em ações, considerei o Ibovespa e, para replicar o resultado dos multimercados, utilizei o índice de fundos multimercados da Anbima.

Segundo a Anbima, investidores do segmento Private possuem maior exposição ao risco que os investidores do Varejo tradicional. Conforme relatório deste mês de maio, a alocação de cada um destes investidores nas três classes de fundos é descrita na tabela abaixo.

Distribuição de investimentos Varejo (%) Private (%)
Renda Fixa 83% 21%
Multimercados 12% 55%
Ações 5% 24%

Perceba que os investidores Private possuem apenas 21% de alocação em renda fixa, enquanto os do segmento de Varejo possuem 83% de seus portfólios investidos de forma mais conservadora. Ou seja, enquanto investidores Private possuem 79% de seus portfólios em alternativas de risco, o Varejo possui apenas 17%.

Como o mercado de risco não desempenhou de forma satisfatória nos últimos anos, principalmente os fundos multimercados, os investidores Private apresentaram dois anos com retorno negativo nos últimos quatro anos. Já os investidores de Varejo não tiveram um ano sequer negativo na última década.

Retorno Private %CDI Retorno Varejo %CDI
2024 -1,20% -28,56% 2,04% 48,70%
2023 13,38% 102,64% 13,73% 105,30%
2022 10,81% 87,24% 10,47% 84,50%
2021 -1,26% -28,59% 1,63% 36,82%
2020 4,95% 179,62% 5,66% 205,07%
2019 15,89% 266,65% 11,46% 192,34%
2018 9,40% 146,41% 9,06% 141,05%
2017 15,92% 160,40% 13,22% 133,16%
2016 21,79% 155,63% 18,40% 131,47%
2015 8,92% 67,40% 11,43% 86,33%
2014 5,75% 53,15% 10,16% 93,92%

A tabela acima apresenta o retorno anual de cada um destes segmentos de investidores ao longo da última década, considerando que a alocação deles não tenha se alterado ao longo dos anos. Desde 2014, o retorno acumulado dos investidores de Varejo teria sido de 175,3%. No mesmo período, os investidores Private ganharam apenas 165,2%.

Como nos últimos anos o risco no Brasil não se pagou, aqueles que investiram de forma mais conservadora tiveram melhor resultado. Com as altas taxas de juros atuais, não duvidaria que aqueles que travarem juros altos por muitos anos vão ter melhor resultado que aqueles que se mantiverem apostando no risco.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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