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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic copom

Bruta ou líquida? Descubra a melhor taxa de juros para planejar sua aposentadoria

A escolha certa entre taxa bruta e líquida pode transformar seus planos de aposentadoria e maximizar seus rendimentos

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Um dos grandes dilemas enfrentados pelos investidores ao planejar a aposentadoria é decidir qual taxa de juros considerar: a taxa bruta ou a líquida de Imposto de Renda (IR). O uso da taxa bruta de IR torna o planejamento mais otimista, mas pode ocultar a verdadeira realidade financeira. Essa decisão pode impactar significativamente o montante disponível no futuro e, consequentemente, a qualidade de vida durante a aposentadoria.

Operador de mercado de ações. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP - MICHAEL M. SANTIAGO/Getty Images via AFP

Para entender melhor essa questão, é importante saber a diferença entre a taxa de juros bruta e a líquida. A taxa bruta é o retorno dos investimentos antes da dedução de impostos e outras despesas. Ela é a taxa geralmente divulgada pelas instituições financeiras e usada como referência inicial para medir o desempenho dos investimentos.

Já a taxa líquida representa o retorno após a dedução de impostos, taxas e outras despesas associadas ao investimento. Esta é a taxa que realmente importa para o investidor, pois reflete o retorno efetivo que será recebido.

Considerar a taxa líquida é importante para um planejamento financeiro mais realista. Ao fazer isso, o investidor tem uma visão mais precisa do que realmente estará disponível para gastos futuros. A taxa bruta pode criar uma falsa sensação de segurança, já que não leva em conta as deduções que reduzirão o retorno final.

Além disso, os impostos sobre os rendimentos dos investimentos podem ter um impacto significativo. Por exemplo, no Brasil, a alíquota de IR sobre investimentos em renda fixa pode variar de 15% a 22,5%, dependendo do prazo do investimento. Ignorar esses impostos ao planejar a aposentadoria pode levar a uma superestimação do montante disponível no futuro.

Suponha, por exemplo, que um investidor tenha um investimento que oferece uma taxa de juros de 100% do CDI bruta de IR. Atualmente, o CDI rende 10,4% ao ano. Se ele investir R$ 100.000, o retorno bruto após um ano seria de R$ 10.400. Considerando uma alíquota de IR de 15%, o retorno líquido seria reduzido para 8,84% ao ano, resultando em um retorno efetivo de R$ 8.840. Já se o investimento for resgatado em prazo errado e a alíquota for de 22,5%, o retorno efetivo será de apenas R$ 8.060. Entender estas diferenças de rendimento é crucial para calcular o quanto realmente estará disponível para uso na aposentadoria.

Também é importante lembrar que o imposto incide tanto sobre a inflação quanto sobre o juro real. Logo, uma maior inflação pode fazer com que a taxa de juro real líquida de IR seja significativamente menor que a prevista. Lembre-se, como a inflação é apenas a reposição do poder de compra, o que vale é o rendimento real líquido de IR.

Por exemplo, considere um título público que rende IPCA+6% ao ano. Ao contrário do que muitos imaginam, o retorno de títulos públicos é sim tributado. Se a inflação for de 4% ao ano, o rendimento real líquido cai para 4,5% ao ano, se considerarmos a alíquota de 15%. Caso a inflação seja de 8% ao ano, o rendimento real cai para 3,99% ao ano. Uma redução de 0,5% representa uma queda de mais de 10% no ganho do investidor.

Portanto, quanto maior a inflação, menor pode ser seu ganho real líquido de IR. Nesse caso, o uso de ativos isento de IR pode ajudar bastante no planejamento e até na garantia de um rendimento líquido independente da inflação.

Entender a diferença entre taxa bruta e líquida também permite elaborar um planejamento tributário mais eficaz. Isso pode incluir a escolha de investimentos que ofereçam benefícios fiscais, como planos de previdência privada (PGBL/VGBL), que podem ser mais vantajosos em termos de impostos.

Portanto, para um planejamento de aposentadoria eficaz, é fundamental considerar a taxa de juros líquida de IR, pois ela reflete o retorno real que o investidor receberá após a dedução de impostos. Isso proporciona uma visão mais precisa e realista das finanças futuras, permitindo um planejamento mais robusto e seguro.

Investir tempo em entender e aplicar estratégias para maximizar a taxa líquida pode fazer uma diferença significativa na qualidade de vida durante a aposentadoria. Em última análise, considerar a taxa líquida de IR não é apenas uma questão de precisão financeira, mas também uma maneira de assegurar que os esforços de poupança e investimento realmente se traduzam na tranquilidade e segurança financeira desejadas na aposentadoria.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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