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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros copom

Estudo de Prêmio Nobel de Economia explica por que você pode estar tomando a decisão errada em renda fixa

Descubra como o viés do desconto hiperbólico pode influenciar suas decisões de investimento e por que optar por recompensas imediatas pode custar caro no futuro.

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Richard Thaler, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, é amplamente reconhecido por seu trabalho no campo da economia comportamental. Ele explora como as pessoas realmente tomam decisões econômicas, desafiando as previsões teóricas tradicionais. Um conceito central em sua pesquisa é o "desconto hiperbólico", um viés comportamental que está influenciando muitas decisões atualmente.

Operador de mercado na Chicago Board Options Exchange (CBOE). Scott Olson/Getty Images/AFP - SCOTT OLSON/Getty Images via AFP

O "desconto hiperbólico" descreve a tendência das pessoas de preferirem recompensas imediatas, mesmo que menores, em detrimento de recompensas futuras maiores. Thaler demonstra em seus estudos que muitos preferem o conforto do curto prazo, mesmo que isso custe mais caro no longo prazo.

Esse comportamento é uma forma de miopia temporal, onde a gratificação instantânea é valorizada mais do que o benefício a longo prazo, levando a decisões subótimas.

Pense agora: qual é a recompensa imediata ou a decisão subótima que a maioria busca hoje em seus portfólios?

Com a volatilidade do mercado neste início de ano e as mudanças nas decisões de curto prazo do Copom, muitos me perguntam se é o momento de trocar investimentos indexados ao IPCA para o CDI.

Ganhar do CDI no curto prazo é uma das recompensas imediatas que muitos buscam. Contudo, com as taxas de juros elevadas, isso pode resultar na perda de uma grande oportunidade de longo prazo.

Nesta próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve interromper a sequência de reduções da taxa Selic, mantendo essa decisão até que o Federal Reserve inicie a queda da taxa básica americana, prevista para setembro.

Mesmo com essa pausa técnica do Copom, a taxa de juros indexada ao IPCA está em um dos maiores patamares históricos. O benefício de travar uma taxa mais elevada para o longo prazo tem o custo de perder para o CDI no curto prazo.

Para tomar a melhor decisão, devemos refletir sobre duas questões:

  1. A Selic vai cair ainda mais nos próximos 12 meses?
  2. Quero me proteger da inflação e garantir uma taxa de juros real historicamente alta para o longo prazo?

Conforme divulgado pelo Fed nesta semana, a projeção de seus 19 membros é que a taxa básica nos EUA, conhecida como Fed Funds, caia 1,25% para 4,25% até o fim de 2025 e mais 1% em 2026, para 3,25%. Isso significa que nossa Selic também poderia cair na mesma proporção, encerrando 2026 no patamar de 8,25%.

Essa é a mesma perspectiva de queda de taxas de juros em todo o mundo. Portanto, a resposta para a primeira pergunta é sim. Considerando essa tendência, se assumirmos que a inflação no Brasil dificilmente se mantém muito abaixo de 4% ao ano, a taxa de juros real implícita na Selic deve cair para cerca de 4% ao ano nos próximos dois anos.

Portanto, a resposta à segunda pergunta também é lógica. Afinal, quem preferiria ganhos menores se pode garantir ganhos maiores hoje? As taxas de juros reais, acima do IPCA, variam atualmente entre 6% e 9,5% ao ano para títulos públicos e corporativos de boa qualidade de crédito. Isso representa um juro real entre 150% e 237% maior do que quem aplica no CDI vai ter em dois anos.

Optar pelo CDI em vez de aproveitar as taxas de juros reais mais altas em títulos e fundos referenciados ao IPCA é uma decisão subótima, conforme apontado por Thaler. Assim, se sua resposta às duas perguntas também for sim, mantenha seus títulos indexados ao IPCA e aproveite os movimentos de alta dos juros para adicionar mais ao seu portfólio, usufruindo de maiores benefícios no longo prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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