É Logo Ali

Para quem gosta de caminhar, trilhar, escalaminhar e bater perna por aí

É Logo Ali - Luiza Pastor
Luiza Pastor

Trilha histórica de Anitápolis (SC) ganha demarcação

Na Serra da Garganta, palco de batalha sangrenta na Revolução de 1930, uma opção de caminhada

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A cidade de Anitápolis, a 85 quilômetros de Florianópolis (SC), deve seu nome a Anita Garibaldi, a "Heroína de Dois Mundos", como é chamada por ter combatido tanto na Guerra dos Farrapos, no Brasil, como na Itália, ao lado de seu amado e revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi. Mas é outra batalha, conhecida como a da Serra da Garganta, travada em 16 de outubro de 1930 como parte do conflito da Revolução de 1930 —movimento armado que culminou com a deposição, oito dias mais tarde, do então presidente da República, Washington Luís, marcando o fim da República Velha—, que faz da recém demarcada trilha local uma atração a mais.

Local onde foi travada a batalha das forças legalistas a favor do presidente Washington Luís, em 1930, contra as tropas de Getúlio Vargas, na Serra da Garganta, em Anitápolis (SC)
Local onde foi travada a batalha das forças legalistas a favor do presidente Washington Luís, em 1930, contra as tropas de Getúlio Vargas, na Serra da Garganta, em Anitápolis (SC) - Arquivo pessoal/Roberta Inácia Duarte

Com 7,5 quilômetros iniciais, a trilha é, na verdade, uma antiga estrada de terra que foi usada como via de acesso das tropas legalistas (vamos lá, lembrando os livros de história, as tropas que apoiavam o governo de Washington Luis, como era o caso de Santa Catarina, contra o golpe que acabaria vitorioso do gaúcho Getúlio Vargas) e hoje se prepara para integrar o Caminhos da Mata Atlântica, trilha de longa distância que percorre 3.000 quilômetros entre os estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

"Nossa intenção com a demarcação da trilha da Serra da Garganta é alavancar o turismo rural, que já é bem presente na Grande Florianópolis para que todo o entorno rural se beneficie", conta Roberta Inácia Duarte, agrônoma e extensionista rural da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), órgão à frente do projeto local.

Roberta Inácia Duarte, expansionista rural da Epagri de Santa Catarina
Roberta Inácia Duarte, extensionista rural da Epagri de Santa Catarina - Arquivo pessoal/Roberta Inácia Duarte

No trabalho, ela conta que se buscou puxar a trilha para as encostas da serra, que segue até Urubici, de modo a torná-la mais atraente a quem busca um caminho mais rústico. "Sinalizamos 15 quilômetros, ida e volta, só em Anitápolis, mas agora vamos procurar abrir trilhas secundárias que possam incluir hospedagem, por exemplo, para desenvolver os municípios da região, como acontece no Caminho de Santiago", acrescenta.

O projeto não avançou além desse trecho por causa das fortes chuvas que afetaram a região nos últimos meses. "Foram mais de 400 milímetros de chuva, com quedas de barreiras, tivemos que adiar o avanço", explica, garantindo que, no próximo ano, o trabalho —que depende de voluntários— vai avançar por uma área que pretende englobar 58 quilômetros até o Campo dos Padres, só na trilha principal, fora as secundárias.

Marco de sinalização na trilha da Serra da Garganta, em Anitápolis (SC)
Marco de sinalização na trilha da Serra da Garganta, em Anitápolis (SC) - Arquivo pessoal/Roberta Inácia Duarte

Para quem pretende visitar a trilha histórica, Roberta conta que foram identificados ao longo do percurso sete pontos de captação de água, além de cachoeiras para refrescar o caminhante. Afinal, tropa nenhuma escolheria um caminho em que não pudesse se reabastecer de água, não é mesmo?

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.