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Luiza Pastor
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Jornada solitária de 500 km mapeia nova trilha de longa distância no Sul do Brasil

Montanhista Marlon Schunck conta em livro como percorreu sozinho os Cânions do Sul na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina

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Percorrer 500 quilômetros pelas montanhas da Serra Geral pelos Cânions do Sul, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esse foi o desafio enfrentado pelo montanhista Marlon Schunck, que lhe valeu o prêmio Mosquetão de Ouro 2023 e que acaba de virar livro, "No Caminho das Araucárias", lançado pela editora Damérica.

Schunck, que se autodefine como "sorveteiro e escoteiro", percorreu em 22 dias 500 quilômetros a pé pelas montanhas da Serra Geral, cruzando os Cânions do Sul, na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Montanhista raiz, encarou a jornada sozinho, guiando-se por cartas topográficas e bússola, ignorando a modernidade dos GPS e aplicativos de geolocalização.

O montanhista Marlon Schunck sobe encosta da Serra Geral
O montanhista Marlon Schunck sobe encosta da Serra Geral, com bagagem ultraleve - Divulgação

"Era um sonho meu antigo, mais de 20 anos, poder interligar todas as trilhas ao longo da serra e fazer uma trilha só", conta Schunck. "Comecei a planejar a viagem estudando os mapas da região, vendo os trajetos possíveis, equipamento, e comecei também a estudar um pouco mais sobre a história da região a geologia, a flora, principalmente a araucária, e desse material todo nasceu a ideia de escrever o livro", acrescenta.

Com essa pesquisa ampla, o livro inclui uma série de dicas de planejamento que Schunck adotou para viajar o mais levemente possível, o que não conseguiu evitar que sua mochila carregasse 15 quilos às costas, forçando o joelho machucado anteriormente. Mas, tendo que encarar temperaturas de até 2 graus celsius negativos, e jornadas que chegavam a 42 quilômetros por dia em 12 horas de caminhadas, ele conta como fez das tripas coração e superou a dor, que foi constante.

Mapa do percurso de 500 quilômetros percorrido por Marlon Schunck entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Mapa do percurso de 500 quilômetros percorrido por Marlon Schunck entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina - Divulgação

A obra, de leitura leve e detalhada, não se limita a narrar os perrengues da jornada, mas aborda também uma ampla contextualização histórica, geológica e antropológica dos lugares percorridos. Com a regra de ouro de "leave no trace", ou seja, não deixar rastro de sua passagem —o que inclui carregar os restos de tudo o que foi consumido até pontos onde o descarte fosse seguro— ele contou com dicas de moradores que encontrava pela região, alguns em localidades isoladas, que ajudavam a escolher o melhor percurso para cada trecho.

Como principal legado de sua jornada embasada na ampla pesquisa do meio, Schunck acredita que é a contribuição para a implantação do projeto de trilhas de longo curso que ainda é incipiente no Brasil. "No Brasil isso ainda está crescendo, nos Estados Unidos, por exemplo, temos trilhas de 3 mil, 4 mil quilômetros, o Caminho das Araucárias que eu formatei com 500 quilômetros, como trilha pronta, tem apenas uns 50 quilômetros, ainda é só um projeto, um pontapé inicial para que logo se interligue a outras trilhas do país", afirma.

Fazendo a jornada sozinho, Schunck conta que em muitos momentos precisou parar para respirar, pensar e tomar a melhor decisão do que fazer, por onde seguir. "Me preparei para isso, numa jornada longa sempre vai haver imprevistos, mas o fundamental é manter a calma, parar, sentar, e tomar a melhor decisão", explica.

A boa aceitação do seu trabalho junto à comunidade montanhista já motivou Schunck a desenvolver novos projetos, "desta vez na região do Nordeste". Os detalhes ele ainda não conta, mas garante que já está mergulhado em suas pesquisas. "É ideia para o ano que vem", informa apenas. Então, aguardemos.

apa do livro No Caminho das Araucárias, de Marlon Schunck
Capa do livro No Caminho das Araucárias, de Marlon Schunck - Divulgação

Serviço

  • No Caminho Das Araucárias — Uma Trilha de 500 km A Pé Pelos Cânions Do Sul, de Marlon Schunck
  • Editora Damérica, 229 páginas, R$ 65

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