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São Paulo quer 110 Ibirapueras de novas áreas protegidas, mas depende da Justiça

Com 16.531 ha em projeto de preservação de mata em pé, capital teria 26% de seu território preservados, mas depende de desapropriações

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A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente anunciou recentemente a assinatura de decretos de DUPs (declaração de utilidade pública) que pretendem transformar 32 áreas verdes particulares da capital paulista em áreas de preservação ambiental. Ao todo, são 16.531 hectares, equivalentes a três vezes o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, 110 Ibirapueras, 15.500 campos de futebol ou à área total da cidade de Paris, na França, que poderiam abrir espaço para novos parques e áreas de lazer e ecoturismo. Só falta combinar com a Justiça.

A inclusão dessas DUPs, que representam 10,9% a mais que os atuais 18.280 hectares incluídos nessa classificação, permitirão à capital ter 26% de sua área total sob proteção das gestões municipal, estadual ou federal.

Refúgio de Vida Silvestre Anhanguera, parte do Corredor Ecológico Norte da Mata Atlântica, incluído nos decretos de Declaração de Utilidade Pública da Prefeitura de São Paulo
Refúgio de Vida Silvestre Anhanguera, parte do Corredor Ecológico Norte da Mata Atlântica, uma das áreas incluídas nos decretos de Declaração de Utilidade Pública da Prefeitura de São Paulo - Divulgação/Daniel Reis

"A gente tem hoje 15% da cidade como área protegida, sejam parques municipais, parques estaduais, unidades de conservação e áreas indígenas", afirmou o secretário Rodrigo Ravena ao blog. "Os mapeamentos que fizemos localizaram remanescentes importantes de Mata Atlântica, especialmente em três regiões da cidade, o extremo leste, a zona sul e a zona norte, no alto da Cantareira. Então, com base nesse levantamento, a gente fez uma proposta que atende esses planos e atende o plano de ação climático de aumentar a proteção dessas áreas", acrescentou

Um dos principais argumentos para a declaração dessas DUPs, como explicou Ravena, é que essas áreas são sujeitas à pressão habitacional e a invasões. "A proteção aumenta e a gente evita desmatamento, indicado para a sociedade que essas áreas são de preservação", apontou.

Rodrigo Ravena, secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo
Rodrigo Ravena, secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo - Divulgação

O processo de seleção das áreas incluídas, segundo Ravena, "se faz com base em manchas". Nelas podem ser encontradas áreas rurais, propriedades rurais ativas com produção orgânica, loteamentos irregulares e mesmo construções como prédios, escolas etc.

"Essas áreas a gente precisa recortar, porque elas não vão ser incluídas na proteção automaticamente", ressalta o secretário. O processo, a partir da identificação desses espaços, inclui procurar os proprietários de cada mancha, notificá-los da intenção da Prefeitura de desapropriar a área para criar unidades de conservação ou parques e oferecer um valor, calculado pela planta genérica de valores do município e pela classificação de zoneamento de cada local. "De acordo com o zoneamento, calculamos o valor sobre a área que poderia ser utilizada pelo proprietário", explica.

Parque Linear Aristocrata, no bairro de Grajaú, zona sul de São Paulo, incluído nos decretos de declaração de utilidade pública pela Prefeitura
Parque Linear Aristocrata, no bairro de Grajaú, zona sul de São Paulo, incluído nos decretos de declaração de utilidade pública pela Prefeitura - Divulgação

"Havendo concordância do proprietário, a desapropriação é feita imediata e amigavelmente, mas se não houver, isso se judicializa, a gente deposita o valor que entendemos devido e pedimos emissão de posse", afirma.

Ravena ressalta que quem tiver uma casa em um terreno definido como Zona de Proteção Ambiental, por exemplo, que permite o uso de até 10% da área total, e não tiver ultrapassado esse percentual de uso, manterá seu direito. "Quem está regularmente na área, não a terá desapropriada, esse é o levantamento que vamos fazer agora", diz. O mesmo vale para lugares onde há escolas, ou estabelecimentos de serviços. "Só vamos desapropriar áreas onde haja mata em pé e que sejam significativas remanescentes de Mata Atlântica", assegura.

Já áreas que estiverem ilegalmente ocupadas devem ser desocupadas, "mas aí não depende só de nós, precisa entrar a Secretaria de Habitação e outras secretarias que possam fazer a movimentação desse pessoal", diz Ravena, acrescentando que "felizmente, nas manchas que identificamos, por incrível que pareça, as áreas irregularmente ocupadas são poucas". Por poucas que sejam, é notória a dificuldade de remover moradores dessas localidades. Mais uma tarefa para a Justiça resolver.

Com dotação inicial para este ano de R$ 100 milhões, a secretaria espera conseguir viabilizar o plano em algo entre dois ou três anos —os decretos têm validade de cinco anos, o que pode ser um complicador nos casos que precisarem ser judicializados e que dificilmente teriam um acórdão em tempo hábil. É uma empreitada ambiciosa, e para a qual ainda não é possível pensar em parceria com o setor privado, explica Ravena. "Primeiro a gente tem que transformar as áreas privadas em públicas, para só num segundo momento entender se em alguma delas faz sentido ter uma parceria público-privada". Mas, para tentar arrebanhar uns reais a mais, ele conta que o projeto foi enviado ao Ministério Público para que se reverta recursos de eventuais multas cobradas de infratores ambientais na cidade para a compra das áreas.

"E tem ainda a possibilidade de usar o Fundo de Desenvolvimento Urbano e o próprio Fundo do Meio Ambiente da cidade, porque a maioria dessas áreas é de nascente e é importante manter a floresta em pé em seu entorno", acrescenta.

Veja aqui as áreas declaradas como de utilidade pública

  • Alto da Mooca - Pe. Benedito M. Cardoso
  • Aristocrata – ampliação
  • Billings – Clube Sta. Mônica
  • Casa Verde – Clube Matarazzo
  • Cavas de Ouro
  • Guavirituba
  • Morro Grande – ampliação
  • Nascentes do Ribeirão Colônia – Sítio Irma
  • Riviera Paulista
  • Unidades de Conservação:
  • Borda da Cantareira – Engordador
  • Borda da Cantareira – Santa Maria
  • Borda da Cantareira - Itaguaçu-Bispo
  • Borda da Cantareira – Bananal-Canivete
  • Borda da Cantareira – Tremembé-Fonte Gioconda
  • Borda da Cantareira – Parada de Taipas
  • Borda da Cantareira – Barrocada
  • Borda da Serra do Mar
  • Borda da Serra do Mar – Núcleo Sítio Curucutu
  • Cratera de Colônia – ampliação
  • Embu Mirim
  • Gramado
  • Jaceguava – ampliação
  • Mananciais Paulistanos – Araguava
  • Mananciais Paulistanos – Billings
  • Mananciais Paulistanos – Fazenda Castanheiras
  • Mananciais Paulistanos – Itaim Viterbo
  • Mananciais Paulistanos – Paiol-Jusa
  • Mananciais Paulistanos – Paulo Guilguer
  • Mananciais Paulistanos – Ribeirão Bororé
  • Pico do Votussununga – Morro do Cruzeiro
  • RVS Anhanguera – ampliação
  • Varginha - ampliação

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