Foi no dia 16 de abril que Marilucy Pereira viu um pedido no Facebook que a fez agir imediatamente.
Em um post, uma mulher compartilhou fotos de um gato branco que só tinha pele e osso. Era Eliseu.
O bichano foi encontrado no telhado de um vizinho, no bairro Areia Branca, em Santos, no litoral de São Paulo.
Uma protetora independente o resgatou e o levou a uma clínica veterinária. Mas mesmo depois de uns dias de tratamento, o bichano só piorava. Então o veterinário disse que a única solução seria a eutanásia.
Essa mulher não confiou na decisão do profissional e tentou uma última saída: pedir ajuda nas redes sociais.
"No mesmo dia eu peguei o Eliseu. Ele precisava de cuidados urgentemente, senão iria morrer", conta Marilucy, que é presidente do Instituto Viva Bicho e proprietária do Hospital Veterinário Viva Bicho.
Marilucy conta que não é contra a eutanásia quando realmente o animal não tem chance de sobreviver, para evitar prolongar o sofrimento. No entanto, ela queria ter certeza do que estava acontecendo com ele.
"Nós fizemos os primeiros exames e, apesar da condição dele de magreza e fraqueza extremas, não havia nada de muito grave. Ele não é renal, não tem Fiv nem Felv", diz.
O que levou Eliseu àquele estado foram o abandono e a desnutrição.
"Como ele praticamente não tinha nada de massa muscular, ele não conseguia se manter hidratado mesmo tomando soro. O Eliseu era só pele e osso mesmo. Dava para observar os rins dele, de tão magro que ele estava", lembra Marilucy.
A luta da equipe médica, então, foi para fazer o bichano ganhar peso. Foi introduzida uma dieta hipercalórica, mas o felino demorou para engordar.
Eliseu precisou de transfusão de sangue e teve duas paradas cardíacas antes de sair do estado crítico.
Com exames de ultrassom e de raio-x, os veterinários descobriram que ele tem um desgaste grave na coluna, como se fosse um bico de papagaio.
Eliseu tem 15 anos, calculam os profissionais. "Ele é muito idoso e sofreu muito com o abandono. Por causa dessa lesão na coluna, tem muita dificuldade para andar", afirma.
Eliseu chegou no hospital pesando 2,1 kg, mas atualmente está com 4,1 kg.
O bichano continua na clínica para engordar mais um pouco e fazer tratamentos para os ossos e para os olhos —ele é cego de um olho e enxerga bem pouco do outro.
Com a alimentação necessária, os pelos do felino estão voltando a crescer e ele já consegue se movimentar mais.
Sobre o futuro de Eliseu, Marilucy diz que ele nunca será liberado para adoção, como outros gatos resgatados pelo Instituto Viva Bicho.
"Ele é meu! Ele é um animal idoso que agora precisa ser muito mimado e muito bem tratado pelo resto da vida. O Eliseu vai viver aqui, vai ficar na minha sala comigo e vai receber todo o suporte que ele precisa", declara.
Quem quiser ajudar o Eliseu e outros animais do Instituto Viva Bicho, Marilucy orienta a entrar nos perfis do Instagram e do Facebook da ONG. Neles estão os contatos para fazer doações de medicamentos, de alimentos e em dinheiro. Além, claro, de explicar como adotar um dos bichinhos que esperam por um lar.
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