Após terem sido derrotadosnas urnas, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a compartilhar no Twitter pedidos de demissões e boicotes a eleitores do ex-presidente Lula (PT).
Sob a tag #DemitaUmPetista, perfis alinhados ao atual mandatário dizem ter dispensado funcionários alegando "contenção de despesas" e "justa causa" e incitam pessoas a deixarem de comprar em estabelecimentos de apoiadores do presidente eleito.
Algumas publicações sugerem que empresários "sejam espertos", não revelem a motivação política das demissões e priorizem a contratação de bolsonaristas. Há ainda posts que orientam os trabalhadores dispensados a "fazerem o L" e pedirem empregos a Lula.
Não é possível confirmar se as demissões relatadas realmente aconteceram.
Um perfil afirma que estão circulando, em grupos de WhatsApp, "listas de ‘comerciantes petistas" de cidades de Santa Catarina que devem ser boicotados pelos moradores pelo fato de terem apoiado Lula.
Legalmente, trabalhadores não podem ser demitidos por terem ou manifestarem opiniões políticas.
Dispensas ou represálias justificadas dessa forma constituem prática discriminatória, contrária à Constituição Federal, que coloca como direito fundamental a livre manifestação do pensamento, sem privação de direitos por convicção política.
A hashtag gerou uma onda de críticas ao bolsonaristas — em especial à contradição entre a defesa de uma prática ilegal e a exaltação da lei e dos bons costumes, muito presente no discurso dos apoiadores de Bolsonaro.
Usuários também orientam trabalhadores que, por ventura enfrentem esses abusos, a denunciarem os patrões e a buscarem auxílio jurídico.
Em reação ao movimento, usuários ainda levantaram a tag #ProcesseSeuPatrãoBolsominion e fizeram piadas com a derrota de Bolsonaro nas urnas.
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