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Quarteto faz sucesso nas redes ao interpretar músicas com materiais de construção

Quarteto da Arriação, de Pernambuco, produz em canteiro de obras

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Belo Horizonte

O cenário, na maioria das vezes, é o mesmo. Um cômodo inacabado, com uma parede ainda sem reboco e um teto de telhas cinzas se transforma em palco para o Quarteto da Arriação, perfil que interpreta sucessos da música ao som produzido por materiais de construção.

Com 1,2 milhão de seguidores no TikTok e quase 400 mil no Instagram, o grupo de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife (PE), vem fazendo sucesso nas redes sociais pela criatividade.

Nas mãos do grupo, pás, baldes, martelos e colheres de pedreiro viram instrumentos musicais e dão o compasso para dar aquele toque brasileiro a canções de todo o mundo.

Charles Richard, 27, membro do quarteto, conta que a vontade de criar vídeos para a internet veio no embalo do sucesso das dancinhas do TikTok, rede que estourou no Brasil em 2020.

Na época, ele, o irmão e dois primos, Renan Lima, o Barba, e Isaías Gonçalves, trabalhavam como serventes de obra. Davi Luna, o vocalista, entrou há pouco, substituindo o irmão que já não faz mais parte do grupo.

O primeiro vídeo gravado, publicado no perfil do grupo no Instagram em abril de 2021, foi feito num dia de folga. Fugindo das trends convencionais que bombavam no aplicativo vizinho, o grupo apostou num roteiro original.

Um deles pregava um prego na parede e simulava que o martelo havia batido em seu dedo. No momento em que ele chacoalhava a mão, com aparente dor, os demais tiravam o capacete de pedreiro, colocavam um violão em cena e começavam a dançar ao ritmo da cúmbia colombiana.

O vídeo que realmente estourou, contudo, foi um cover da clássica canção do Queens, "We Will Rock You". Ao invés da bateria e das palmas características da música, era a pá que produzia o ritmo enquanto o servente pegava e jogava a areia da obra.

"Nesse tempo, a gente nem tinha a rede social do Quarteto", conta Charles, explicando que as visualizações do vídeo foram crescendo organicamente a partir dos perfis pessoais de cada um e da republicação de amigos e outras pessoas. "Não tínhamos a intenção de viralizar. Era só uma ‘resenha’ aqui", diz.

Acabou viralizando, afinal. "O celular não parava, não parava. Era você entrar, vinha a notificação. Foi coisa de outro mundo, ficou chegando seguidor a todo instante", lembra Charles.

Hoje, a produção conta com mais de 1 milhão de visualizações, somando TikTok e Instagram. Na legenda dos dois vídeos mencionados, está uma pergunta em comum que acabou virando piada em diversos comentários: "por que essa obra tá demorando tanto?"

"A gente tem muito conhecimento em alvenaria, essas coisas. Porém, se fizermos isso, vamos ficar sem o estúdio", brinca Charles. "É colocar um tijolo por dia".

Apesar da experiência, eles não trabalham mais como serventes. Atualmente, Charles trabalha como operador de máquina, Renan tem um negócio próprio, Isaías, que costuma trabalhar com logística, está desempregado, e Davi toca bateria.

Por isso, eles celebram a renda que conseguem tirar com a produção dos vídeos, ainda que as publicidades não sejam contínuas e que o grupo não tenha nenhum contrato com empresas ou representantes comerciais.

"Essas publicidades ajudam bastante a inteirar uma feira ou a comprar alguns quilos de carne no final do mês, mas não é uma renda mensal que dá pra gente viver tranquilo", Charles conta.

Conseguir monetizar mais essa produção é uma vontade, mas não necessariamente o foco do grupo. "Num momento delicado [ele se refere à pandemia de Covid-19, momento em que o grupo estourou], onde as pessoas estavam perdendo seus parentes, a gente conseguiu arrancar sorrisos, mesmo sem intenção nenhuma, a gente arrancou vários sorrisos", ele se orgulha.

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