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'Revela uma violência', diz artista de rua que protagoniza vídeo viral

Tabatha Aquino canta no metrô do Rio de Janeiro há 4 anos

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São Paulo

"É, de fato, uma imagem muito bonita. Mas revela uma violência", diz Tabatha Aquino, cantora de 26 anos que protagoniza vídeo viral em que se apresenta em um vagão de metrô no Rio de Janeiro enquanto segura uma criança de colo.

O vídeo, publicado por @gustavoarea21 no Twitter em 11 de janeiro, acumula mais de 1,2 milhão de visualizações. A cena é impactante. A potência da voz de Tabatha, que canta enquanto o filho de 1 ano e 4 meses se agita no colo, tocou várias pessoas na rede social. "Mulher guerreira", "emocionante", "arrepiei" estão entre os comentários mais comuns.

Não foi a primeira vez que Tabatha viu um vídeo seu cantando viralizar. Em 2019, com sua filha de 4 anos e recém-separada, ela conheceu um colega que se apresentava nas ruas. Munida de sua voz, decidiu dar uma chance e cantar no metrô. No segundo dia, viralizou.

"O pai da minha filha estava desempregado, então não tive como cobrar pensão. Estava morando de aluguel, trabalhava como cabeleireira, mas não tinha muitos clientes, até que um amigo sugeriu montarmos uma banda e eu conheci outro artista de rua. Decidi tentar", conta.

Ela diz que o primeiro viral trouxe algumas oportunidades, mas que, na ocasião, ela se aliou com "pessoas que não queriam trabalhar de forma séria". Na época, fez um canal no YouTube que conta com mais de 50 mil inscritos.

Quatro anos depois, acompanhada de seu outro filho, ela considera o vídeo como sua segunda chance, agora com a experiência do que "pode dar errado".

Mulher negra ajoelhada ao lado de carrinho de bebê em estação de metrô
Tabatha Aquino canta no metrô do Rio de Janeiro há quatro anos acompanhada de seus filhos - Instagram/tabathaaquino

Aquino concedeu a entrevista ao blog #Hashtag antes de sair para tirar fotos para um anúncio publicitário. Ela reconhece o poder das redes sociais, mas diz que a produção de conteúdo para essas mídias não é o seu foco. No Instagram, 121 mil pessoas acompanham o seu trabalho.

"Tem momentos que aquele esforço parece que não tem sentido. Tem dias em que canto nas ruas e as pessoas escolhem não me ver. Mas eu acredito muito que o esforço é sempre menor do que o que você vai colher. O segundo vídeo viral veio e agora estou vivendo esse momento".

Agora, o objetivo é organizar a vida para criar uma rotina com o mínimo de conforto para os filhos, planejar sua carreira e "ter a oportunidade de cantar como uma pessoa que tem a sua arte respeitada e em condições mais dignas".

Ela diz que costuma cantar acompanhada dos filhos por falta de opção. "Não tinha com quem deixar. Faltou empatia, uma rede de apoio e, principalmente respeito pela criança", diz. "Não podemos romantizar a cena, a maternidade, dessa forma. Precisamos discutir o assunto enquanto sociedade, prover uma estrutura para que mães solo possam trabalhar, creche onde as crianças possam ficar seguras e de apoio psicológico para quem está passando por essa situação".

"É uma cena muito bonita, mas revela uma violência por trás. É importante olhar pra mim e rever os conceitos e ideias sexistas que me colocaram naquela situação", comenta. "Quando uma criança é exposta dessa forma, aprende muito cedo a deixar de ser criança. É meu dever não só manter o corpo deles vivo, mas a mente também".

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