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Criadoras negras usam redes sociais para repensar como lidam com dinheiro

Vídeos no TikTok debatem ascensão social, compulsão e culpa em relação ao consumo

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São Paulo

A publicitária Luiza Alencar, 21, começou a criar conteúdo para as redes sociais após não se ver representada nos vídeos que gostava de assistir. "Era muito difícil eu não ter uma outra pessoa para me inspirar que tivesse uma realidade mais próxima da minha. Eu quero ver pessoas que vieram da mesma realidade que eu e conquistaram as coisas, sabe? Para pelo menos ter um mínimo, um pingo de esperança", diz.

Em seu perfil no TikTok, ela divide sua rotina, dicas de organização e fala sobre como é ter tido uma ascensão social e acesso a coisas novas. Os vídeos são acompanhados por mais de 46 mil seguidores e acumulam mais de um milhão de curtidas.

"O meu principal foco, sendo uma pessoa não branca, que não veio de um lugar de privilégio, que não tem muitos contatos que pudessem ter me beneficiado e muito menos uma boa estrutura familiar e econômica, é que a luta sempre seja coletiva. Eu quero que os meus tenham sucesso também, não é sobre conquistas individuais", conta.

Luiza fala sobre a relação de culpa que muitas pessoas como ela têm em relação a dinheiro, vindo de um passado de escassez. "A gente fica nesse limbo de ‘eu não posso gastar muito porque eu não posso perder dinheiro’, mas eu também agora estou tendo oportunidade de viver o que eu sempre quis."

O assunto também é abordado por Gabrielly Sadovski, que acumula mais de 280 mil seguidores e 12 milhões de curtidas. Em um de seus vídeos virais, ela reflete sobre como ter uma ascensão social moldou sua relação com o dinheiro e como o mercado de trabalho afetou os sonhos de uma geração.

Natalia Rodrigues, a criadora do Nath Finanças, orientadora financeira, empresária e escritora, também fala dessa sensação de culpa em relação ao dinheiro. "Essa lógica do sistema capitalista faz as pessoas se sentirem culpadas por conseguir ascender socialmente e as outras pessoas não conseguirem, e não é porque elas não se esforçaram, existem muitas outras questões, principalmente de políticas públicas de acesso que fizeram as pessoas não estarem onde elas gostariam de estar", comenta.

Essa culpa pode vir acompanhada de episódios de compulsão. "Imagina alguém que nunca teve essa ação: tênis, uma roupa, uma comida legal e agora que ela tá com uma grana, ela vai gastar. Não porque é uma pessoa descontrolada, mas porque ela tá querendo preencher um vazio, uma criança interior que nunca teve acesso", diz Nath.

Em seu canal do YouTube e em sua plataforma de cursos, Nath ensina educação financeira e dá dicas para quem também teve um aumento de renda e se sente perdido. Para essas pessoas, ela deixa o recado: "Você tem que olhar o teu dinheiro, o que você conquistou, de forma muito carinhosa, porque você sabe o quanto você batalhou para chegar aqui hoje. Então o principal é não se perder: anote os seus gastos. Pensa em guardar para o futuro, na sua aposentadoria. Pensa em você também, mesmo quando quiser cuidar de todo mundo".

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