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Tributo a Mandela, há 10 anos, foi marcado por selfie polêmica de Obama e intérprete de sinais fake

Postura sorridente de autoridades e presença de farsante foram motivos de constrangimento em despedida

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São Paulo (SP)

Uma das homenagens que seguiram a morte de Nelson Mandela, há 10 anos, reuniu mais de 70 chefes de Estado e celebridades em um estádio na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Embalada por longos discursos e pela cantoria descontraída de uma multidão de sul-africanos, a cerimônia ficou marcada por ao menos duas cenas controversas que geraram repercussão à época. E tornaram-se memes.

A primeira delas foi a sequência de selfies sorridentes do então presidente americano Barack Obama ao lado de outros dois líderes políticos – a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, e o então premiê do Reino Unido, David Cameron.

Acomodados na tribuna do evento fúnebre, os políticos foram flagrados posando em clima despojado e informal para os autorretratos, que viravam moda em 2013. Ao lado deles, ainda chamou atenção a então primeira-dama americana Michelle Obama, com semblante sério e de aparente reprovação.

Os registros ganharam as redes sociais e a primeira página de jornais no dia seguinte, sendo descritos como gafe e demonstração falta de respeito por alguns críticos. Opositores de Helle Thorning classificaram a postura da premiê de constrangedora e inapropriada e Cameron foi questionado no Parlamento Britânico.

Os políticos, entretanto, minimizaram a polêmica e defenderam que a cerimônia tinha um viés de celebração.

"Claro que existia um lado fúnebre, mas era um evento basicamente festivo, que também celebrava um homem que viveu por 95 anos e obteve muitas conquista", disse Helle Thorning à imprensa dinamarquesa à epoca, segundo reprodução do The Guardian.

"Isso mostra que, quando nos encontramos como chefes de Estado, também gostamos de nos divertir juntos", completou.

David Cameron afirmou que aceitou participar das fotografias por uma questão de "educação" e que o tributo lembrava que Mandela teve o papel de "unir as pessoas". Obama não deu declarações sobre o caso.

O autor das imagens virais, o fotógrafo da AFP Roberto Schmidt, também defendeu a postura descontraída dos políticos. "À minha volta, no estádio, os sul-africanos estavam dançando, cantando e rindo para honrar seu líder que se foi. Era uma atmosfera de carnaval, nem um pouco mórbida."

Ele ainda negou os boatos de que Michelle Obama estaria irritada com as fotos ou enciumada com o papo do marido com a primeira-ministra, como especulou-se na internet.

"Fotografias podem mentir. Apenas alguns segundos antes [das fotos], a primeira-dama estava brincando com todos à sua volta, incluindo Cameron e Schmidt. O seu olhar severo foi captado por acaso", escreveu ele à época em um blog da AFP.

Já o segundo episódio polêmico e memístico da cerimônia envolveu o intérprete oficial de língua de sinais, apontado como farsante. O caso gerou um constrangimento internacional para o governo sul-africano.

Thamsanqa Jantjie foi responsável pela tradução simultânea dos discursos de autoridades, como do próprio Obama, e da então presidente brasileira, Dilma Rousseff, durante a transmissão oficial do tributo, veiculada a milhões de pessoas em diversos países. Segundo especialistas e pessoas surdas, entretanto, ele era um impostor e inventava sinais.

"Ele estava basicamente gesticulando. Não seguiu nenhuma das regras de gramática e de estrutura da língua. Ele simplesmente inventou os seus sinais", disse um representante da Federação de Surdos da África do Sul à época.

Com a repercussão, Jantjie foi à imprensa dizer que tinha qualificações para o trabalho, mas que sofria de esquizofrenia e passou a ter alucinações e a ver anjos enquanto os políticos discursavam.

"Acredite em mim, eu os vi chegando no palco", disse.

Ele chegou a se internar em uma clínica psiquiátrica depois do episódio e, anos depois, apareceu em comerciais de TV fazendo piada de si mesmo.

O governo sul-africano pediu desculpas à comunidade surda do país e abriu uma investigação sobre o ocorrido, segundo a qual os responsáveis pela empresa fornecedora dos serviços "desapareceram".

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