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Conheça Chicco Mattos, que viralizou mostrando a vida no Ártico

Brasileiro mora na região há 12 anos e faz sucesso nas redes com vídeos de seu dia a dia no frio e na paisagem polar

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São Paulo

Francisco Mattos, conhecido como Chicco, mora no Ártico há 12 anos. Nascido em Passo Fundo (RS), o gaúcho de 43 anos chegou em Svalbard, arquipélago norueguês próximo ao polo Norte, por sugestão de uma amiga. Começou trabalhando como barman e, hoje, tem uma produtora de vídeos e ganhou as redes sociais com suas filmagens da aurora boreal e dos ursos-polares.

Sempre gostou de produzir vídeos, e faz isso desde 2001, época em que ainda morava no Brasil. Hoje, seus vídeos têm uma temática central: mostrar sua vida no Ártico e os fenômenos naturais do lugar.

"Vinha muita gente filmar os ursos polares ou fazer documentários sobre as mudanças climáticas, e eles sentavam no bar com as câmeras", conta ao blog #Hashtag. Em uma ocasião, Chicco mostrou seu trabalho. A partir daí, as coisas deslancharam.

"Eu percebi um nicho de mercado ali", explica. Começou comercializando pacotes de vídeos e, em meados de 2013, abriu a sua produtora. Com suas imagens, Chicco já trabalhou em três longas-metragem, dezenas de documentários, reportagens, e apresentou programas de televisão no Canal OFF: "Minha Vida no Ártico" e "Em Busca das Luzes do Norte".

A produção de conteúdo para as redes sociais começou durante a pandemia: "A mídia social é um prazer, consigo mostrar meus vídeos e me comunico com as pessoas.", diz.

Hoje, consegue monetizar YouTube, que conta com 239 mil inscritos, o TikTok (1,1 milhão de seguidores) e o Instagram (1 milhão de seguidores) com a venda de produtos digitais.

O bordão de abertura de seu conteúdo —"Eu sou o Ártico e moro no Chicco" —é uma piada interna com seus seguidores e surgiu após ele se confundir durante uma live. "Virou uma brincadeira saudável do TikTok que eu trouxe para as outras mídias sociais".

Sua aventura rumo ao extremo Norte do mundo começou anos antes da mudança definitiva para o Ártico. Quando terminou a graduação em relações públicas, decidiu mandar currículo para uma agência em Santos (SP) que contratava tripulantes para navio. E assim foi trabalhar como barman em cruzeiro turístico.

Trabalhando a bordo, Chicco viu gelo pela primeira vez, no Alasca. E desembarcou na Austrália, onde conheceu sua esposa. Juntos, planejaram um mochilão.

De volta ao Brasil, o dinheiro do casal acabou. Por falta de opção e com resistência, decidiram, por sugestão de uma amiga moradora de Spitsbergen –no arquipélago de Svalbard –partir para o Ártico. O casal mora atualmente em Alta, na Noruega.

"Minha mulher falou 'não' de cara, não queria ir para o frio", mas Chicco a convenceu.

Ainda que o inverno gaúcho —de temperaturas médias entre 12º C a 14º C, eventuais geadas e algumas vezes neve —não se compare ao Ártico, Chicco acredita que se adaptou bem ao clima da região por conta da vivência em seu estado natal.

Ele conta que no Ártico as construções são adaptadas e, por isso, o clima gelado não é tão perceptível dentro de casa. O impacto veio nas expedições ao ar livre, quando se passa dias em contato direto com o frio.

Para além das temperaturas, o Ártico passa três meses e meio no escuro. Por isso, a espera pela luz do sol é um evento e uma das coisas que Chicco mais gosta de morar lá.

"Minha vida mudou muito saindo da cidade. Eu vivo muito mais o presente, e parece que o tempo passa mais devagar", diz. A vida que leva no Ártico é muito mais conectada com a natureza.

"Eu tinha uma vida um pouco ansiosa, eu não sabia o que queria fazer. Existe uma pressão social para tudo, pressão social de como vou me vestir, quanto dinheiro tenho, com quem ando, qual é meu status e o que eu vou fazer de profissão. E aqui parece que essa pressão caiu dos meus ombros.", constata.

Em 2023, o Ártico teve o verão mais quente já registrado, com temperatura média de 6,4°C. Pesquisas apontam que a região pode ter seu primeiro verão sem gelo uma década antes do previsto, entre os anos 2030-2050. "As geleiras estão desaparecendo completamente", relata Chicco.

Perto de sua casa há uma geleira grande. Antes, era possível vê-la chegando na ilha. Hoje, é necessário fazer uma trilha na montanha. Para Chicco, há muita interferência humana no Ártico. "Acho que a consciência tem que vir do povo, sim, mas primeiramente das grandes corporações."

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