Em 2020, momento dramático da pandemia, eu, um médico que ama histórias, recebi um convite muito especial. O produtor Luciano Reck me solicitou uma consultoria, a princípio sobre o roteiro de um filme em que os protagonistas seriam uma jovem com uma doença crônica e um médico residente.
Por meio de Luciano conheci Diego Freitas, responsável pela história original diretor e corroteirista, junto com Ana Reber. Foi ele quem me apresentou Nina, uma jovem que vive com lúpus eritematoso sistêmico, uma doença em que a imunidade da pessoa ataca estruturas do próprio corpo desde a infância. Ela sonha em ser pianista na Orquestra Sinfônica de São Paulo, mas o agravamento de sua doença a coloca na fila de transplante renal e a torna dependente de hemodiálise, ampliando o seu desafio. A partir do encontro com Gabriel, médico residente, Nina passa a considerar seu sonho possível.
Eu já conheci e atendi muitas pessoas parecidas com Nina, que precisam cuidar de doenças crônicas por vezes graves, sendo muitas vezes estigmatizadas, enquanto encaram os desafios de crescimento no início da vida adulta como os demais jovens que são considerados saudáveis.
Apaixonado pela história de Diego, tive oportunidade de acompanhar a produção materializando o sonho. Foi bonito, um alento em tempos tão duros de pandemia.
Nina foi interpretada por Giulia Be, com carreira já bem sucedida na música, em sua estreia no cinema; Gabriel, por Henrique Zaga, um jovem ator já experimentado em produções de grande sucesso internacional. Eu me apaixonei ainda mais por Nina de Giulia e Gabriel de Henrique.
Espero que essa história chegue a pessoas que vivem com lúpus, que fazem hemodiálise, que aguardam transplantes ou que têm outras condições crônicas que exigem cuidados e as inspire a sonhar, não de uma maneira a negar as suas condições, mas seguindo com os cuidados necessários para que possam desenvolver todas as suas potencialidades.
Também espero que essa história motive as pessoas a doarem órgãos. O Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo, graças ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas lamentavelmente muita gente ainda morre na fila por falta de doador.
Depois do Universo estreia hoje, 27/10, na Netflix Brasil, e eu agradeço pelo privilégio de ter observado como espectador privilegiado essa história ser construída.
Depois do Universo ainda existe uma paixão.
"Depois do Universo"
Estreia: 27/10
Onde: Netflix
Elenco: Giulia Be, Henrique Zaga, João Miguel, Othon Bastos, Isabel Fillardis, Viviane Araújo, Adriana Lessa, Leo Bahia, Sérgio Menezes, entre outros
Direção: Diego Freitas
Produção: André Carreira e Luciano Reck
Roteiro: Diego Freitas e Ana Reber
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