O retorno ao convívio após o longo isolamento social tem ocasionado uma alta nos casos de virose entre as crianças.
A gripe, que gera maior preocupação nos períodos mais frios do ano, está em alta em São Paulo, e já foi considerada epidêmica no Rio de Janeiro, inclusive.
Sintomas como febre, dor no corpo, coriza e nariz entupido têm levado muitos pais ao pronto-socorro, afinal, a pandemia ainda está por aí. E para quem tem mais de um filho, dificilmente a doença passa pela residência sem contaminar os irmãos, quando não derruba os pais ou cuidadores também.
Isso ocorreu na casa da auxiliar jurídica Claudia Pin, 30. Heitor, de dois anos e oito meses, pegou gripe na escola e apresentou febre e muita tosse. Três dias depois, Davi, de um ano e três meses também ficou doente. "Sempre que o Heitor pega alguma coisa, o Davi pega logo em seguida", observa a mãe.
"Dessa vez, apesar de o nariz escorrer e apresentar tosse, os sintomas no mais novo foram mais leves". Ela atribui à amamentação o fato de a doença ter sido mais branda.
E ela está certa. Especialistas ouvidos pelo Maternar afirmam que o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, mantido até os 2 anos ou mais, reduz as chances de contrair doenças e reduz a gravidade dos sintomas nos casos em que a criança foi infectada.
A gripe também visitou a casa da psicóloga Andrea Barros, 37. Mãe dos gêmeos Flora e Caetano de um ano e um mês, ela conta que a doença chegou pelo Caetano já na primeira semana de adaptação na escola.
Como os bebês dormem no mesmo quarto e dividem tudo, incluindo o peito materno, a mãe passou a lavar o nariz da menina com mais frequência e separou os talheres e copos dos dois para tentar frear a doença. Mesmo com sintomas mais brandos, Flora também ficou gripada.
Eles dividem a rotina, colocam os mesmos brinquedos na boca. Acho muito difícil um só ficar doente. Já até aceitei", diz a mãe.
Existem duas formas de contaminação, explica a pneumologista pediátrica Marina Buarque de Almeida. "Uma delas é por meio das gotículas (aerossóis), transmitidas através da saliva, perdigotos, espirros, tosse ou secreção dos infectados", explica.
Nesses casos, os mesmos cuidados usados para evitar o Sars-Cov-2 (novo coronavírus) afastam o Influenza, como manter a casa arejada, usar máscara de proteção, distanciamento e limpeza frequente das mãos com sabão e álcool em gel.
"Separar os objetos dos irmãos que são levados à boca e limpá-los frequentemente com água e sabão ou álcool 70% é uma das recomendações para frear outros vírus disseminados pelo contato, como rinovírus, enterovírus e VSR (vírus sincicial respiratório), principal causador da bronquiolite", recomenda a especialista.
Como ainda há o temor pelo coronavírus, o pediatra e diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, Marun David Cury recomenda sempre procurar atendimento médico para que haja a orientação correta.
"A melhor coisa para combater um quadro gripal é estar bem alimentado, bem hidratado, bem medicado, quando necessário, e repouso", diz.
Vale lembrar que crianças gripadas não devem frequentar a escola para não disseminar ainda mais a doença.
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