Porta do quarto fechada, cara amarrada, som mais alto no ouvido e fuga daquele abraço mais apertado dos pais. Para muitos, esse é o resumo da adolescência.
Mas antes de fecharmos o rótulo sobre essa fase, a escritora Thaís Vilarinho propõe aos pais refletirem um pouco sobre sua própria adolescência, medos e angústias pelos quais passaram ou ainda passam.
"Lembrar das nossas sensações passadas nos leva a olhar para o nosso adolescente com mais empatia, melhora o nosso relacionamento com ele e nos ajuda a entender as transições pelas quais ele está passando", diz a autora de Imagina na Adolescência (Buzz, 250p.)
A autora do best-seller Mãe Fora da Caixa, que originou à peça homônima, interpretada por Miá Mello, recomenda agora aos pais descobrirem seu novo lugar na vida dos filhos. E para isso, o espaço é fundamental. "Essas mudanças no comportamento deles são necessárias para que os filhos construam suas identidades e se descolem dos pais", pontua.
Apesar da liberdade, a escritora lembra que o limite permanece fundamental, afinal, os pais ainda estão educando.
"O lance é que na ânsia de não criar nenhum trauma emocional no seu filho (o que é impossível), e de seguir preenchendo a cartilha da educação perfeita, 'selo ISO 2022', o feitiço vai virar contra o feiticeiro e sua criança poderá se tornar um ser humano emocionalmente inseguro". Para Vilarinho, filho sem limite nunca será um adulto seguro.
Na casa dela, por exemplo, a porta do quarto dos filhos Matheus, 14, e Thomás, 11, pode até ficar fechada por alguns períodos do dia, mas há um combinado para sempre comerem refeições em família e longe das telas do celular.
Quando o assunto é sexo, um dos mais temidos pelos pais, Thaís prefere conversar e passar a mensagem, mesmo que veja um rosto desconfortável ou escute o famoso "tá bom, mãe". "Prefiro que ele fique sem graça e eu passe a mensagem do que negligenciar esse tema.
Vilarinho conta que o humor também ajuda a passar muitas mensagens. "Dou uma de dona Hermínia [personagem mais famosa de Paulo Gustavo, inspirada na mãe do ator] e consigo me comunicar de um jeito leve com eles. Queria ter tido essa cabeça lá atrás. O humor veio com o amadurecimento. Queria poder voltar e não levar tudo a ferro e fogo. O começo da minha maternidade foi muito duro, porque eu buscava a perfeição", lembra.
E sobre isso, Thaís também pondera. "É preciso abandonar a capacidade sabotadora que a gente tem de sempre achar que poderíamos ter feito mais [...] Jamais gaste sola de sapato correndo atrás da perfeição. Aceite que você vai errar", conclui em um dos textos.
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