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Salvador Nogueira

Grupo detecta galáxias mais distantes, retratos do Universo bebê

HD1, a mais longínqua, remete a apenas 330 milhões de anos após o Big Bang

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Um grupo internacional de astrônomos bateu mais um recorde ao apresentar a galáxia mais distante já observada. Na verdade, duas delas. A luz captada pelos pesquisadores partiu de seus objetos de origem apenas uns 330 milhões de anos após o Big Bang.

À primeira vista, pode não soar como pouco tempo. Mas tenha em mente que o Big Bang aconteceu 13,8 bilhões de anos atrás. Se o Universo fosse um senhor hoje com 50 anos, isso teria ocorrido quando ele era um bebê com pouco mais de um ano. E o que surpreende, como em todos os bebês, é que ele revele habilidades precoces. No caso em questão, a habilidade de gestar galáxias como essas que foram observadas.

Os astros, batizados de HD1 e HD2, foram descobertos a partir de mais de 1.200 horas de tempo de observação distribuídas entre vários equipamentos, como os telescópios Subaru e Vista, o UK Infrared Telescope e o Telescópio Espacial Spitzer. A equipe fez também observações de seguimento com o conjunto de radiotelescópios Alma, no Chile, para confirmar a distância e, com isso, a idade. De fato, a HD1, aparentemente a mais distante delas, é 100 milhões de anos mais antiga que a GN-z11, a antiga recordista de distância.

Imagem destaca a galáxia mais distante já vista, HD1, cuja luz viajou 13,5 bilhões de anos antes de chegar até nós.
Imagem destaca a galáxia mais distante já vista, HD1, cuja luz viajou 13,5 bilhões de anos antes de chegar até nós. - AFP

O método usado para calcular a distância desses astros distantes é o chamado desvio para o vermelho, conforme as ondas de luz se esticam, ao viajar por longas extensões de um espaço em processo de expansão, ficando cada vez mais avermelhadas. Com efeito, a luz que nasceu ultravioleta lá nos confins do cosmos é vista como infravermelha por aqui.

Dois artigos, publicados no Astrophysical Journal e no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society Letters, exploram o achado. No primeiro deles, que tem como primeiro autor Yuichi Harikane, da Universidade de Tóquio, aborda a busca e a descoberta em si. O segundo, liderado por Fabio Pacucci, do Centro para Astrofísica Harvard & Smithsonian, nos EUA, explora o que essas galáxias podem ser.

Nota-se que elas têm um brilho muito mais intenso do que o esperado, o que pode ser explicado por uma formação explosiva de estrelas nessas galáxias (embora, para essa hipótese, elas apareçam muito mais brilhantes que outros exemplos parecidos).

Alternativa mais empolgante a explicar as características observadas é a presença de estrelas da primeira geração a surgir no Universo, a chamada População III, que seria bem diferente das estrelas atuais, com massa muito maior e um brilho idem. Outra possibilidade seria a presença de um grande buraco negro supermassivo com massa de 100 milhões de sóis, o que seria surpreendente considerando a jovialidade do cosmos naquela época.

O resultado é um prato cheio para o Telescópio Espacial James Webb, que já tem um encontro marcado, por assim dizer, com as galáxias HD1 e HD2, a fim de obter mais informações sobre esses objetos que residem na fronteira do que podemos observar com nossos telescópios.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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