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Salvador Nogueira

Nasa muda plano e adota helicópteros para trazer amostras de Marte

Projeto em parceria com a ESA ambiciona retornar com rochas marcianas em 2033

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Em um esforço para simplificar a arquitetura da missão de retorno de amostras de Marte, Nasa e ESA decidiram dispensar a construção de um dos rovers previstos e, em vez disso, substituí-lo por dois mini-helicópteros.

A decisão torna o empreendimento mais factível –além de ajudar a manter o orçamento sob controle–, num momento em que a China apresenta planos para trazer amostras de Marte dois anos antes do projeto conjunto das agências espaciais americana e europeia.

A coleta de amostras de Marte para reenvio à Terra já está em andamento: o rover Perseverance, neste momento trabalhando na cratera marciana Jezero, vem colocando pequenos núcleos de rocha extraídos com uma broca em tubinhos, para seu futuro transporte de lá para cá.

Ilustração mostra equipamentos envolvidos no plano da Nasa e da ESA para retorno de amostras de Marte: o rover Perseverance, um módulo de pouso com veículo de ascensão, um orbitador e helicópteros
Ilustração mostra equipamentos envolvidos no plano da Nasa e da ESA para retorno de amostras de Marte: o rover Perseverance, um módulo de pouso com veículo de ascensão, um orbitador e helicópteros - Nasa/JPL-Caltech

Originalmente, o plano envolveria mais uma missão de pouso, levando um foguete capaz de decolar da superfície de Marte (a ser fornecido pelos americanos) e um rover para colher as amostras do Perseverance (a ser fabricado pelos europeus). Em março, ficou claro que seria impossível colocar ambos no mesmo módulo de pouso, o que obrigou a bifurcar essa etapa em duas. Agora, com o descarte do rover europeu, o projeto volta a contar com apenas um módulo de pouso, que vai levar à superfície o foguete para a ascensão de Marte e dois mini-helicópteros, ligeiramente maiores que o Ingenuity –veículo experimental que opera em Marte desde o ano passado.

Quanto ao Perseverance, seu trabalho dobrará na nova arquitetura. Além de colher as amostras, como já vem fazendo, será dele a tarefa de levá-las até o veículo de ascensão. Os helicópteros, equipados com pequenos braços robóticos para manusear os tubos, servirão apenas como estratégia de reserva, caso o rover seja impedido de concluir a missão ele mesmo.

"Chave para nossa nova arquitetura é a determinação recente da confiabilidade e da expectativa de vida do Perseverance baseada em seu desempenho até o momento", explicou Jeff Gramling, diretor do programa de retorno de amostras de Marte da Nasa. "Temos confiança de que o rover será capaz de entregar as amostras ao módulo de resgate em 2030, quando a necessidade surgir."

O resto segue como o plano original: uma vez que a cápsula com as amostras seja colocada em órbita de Marte, ela será capturada por um orbitador europeu capaz de trazê-la de volta à Terra. A chegada segue sendo esperada para 2033.

Originalmente orçado em algo como US$ 7 bilhões, o projeto não teve seu preço recalculado em março, quando o plano passou a usar dois novos módulos de pouso. Voltando a ser um só, é possível que isso traga o custo de volta ao patamar inicial –mas mesmo isso é incerto, já que uma avaliação independente sugeriu que o custo original estava subestimado em US$ 1 bilhão. Resumo da ópera: barato não será.

Enquanto isso, os chineses seguem trabalhando para chegar lá primeiro, com uma arquitetura ainda mais simples, capaz de trazer rochas de Marte em 2031.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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