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Salvador Nogueira

Lua nasceu de supetão a partir de impacto gigante, indica simulação

Estudo ajuda a explicar principais características do satélite natural da Terra

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A hipótese de que a Lua se formou a partir de um impacto gigante da Terra primitiva com um corpo de porte planetário do tamanho aproximado de Marte ganhou um apoio de peso, a partir de novas simulações realizadas pelo grupo de Jacob Kegerreis, da Universidade de Durham, no Reino Unido. E o resultado sugere que a Lua pode ter se formado quase imediatamente após a colisão, 4,5 bilhões de anos atrás.

A noção geral de como se deu a formação da Lua não é nova; a ideia de um impacto gigante entre a Terra e esse hipotético objeto, que os astrônomos chamam de Theia, nasceu em 1975. Parecia a melhor forma de elucidar como nosso planeta acabou tendo um satélite natural proporcionalmente tão grande. Presumiu-se que o impacto gigante ejetou enorme quantidade de matéria na órbita terrestre, que voltou em alguns milhões de anos a coalescer por gravidade para formar a Lua.

Com o avanço da computação para permitir simulações detalhadas do processo, sobretudo a partir de 2001, foi possível visualizar como isso teria ocorrido, mas ainda havia peças que não se encaixavam, como a composição da Lua. Enquanto as simulações sugeriam que grande parte da massa lunar seria derivada de Theia, a composição das rochas trazidas da Lua pelas missões espaciais indicava um parentesco bem maior com a própria Terra.

Simulação revela como pode ter se dado impacto gigante que formou a Lua
Simulação revela como pode ter se dado impacto gigante que formou a Lua - Jacob Kegerreis et al.

Agora, Kegerreis e colegas descobriram que o problema entre expectativa e resultado era basicamente de resolução. Com a evolução dos computadores e o acesso a máquinas com alto poder de processamento, foi possível criar uma simulação mais detalhada do que tudo que já havia sido feito antes –cem a mil vezes mais que a maioria dos esforços anteriores.

Ao simular o impacto entre Terra e Theia "decompondo-as" em 100 milhões de partículas individuais (o que corresponde mais ou menos a cada partícula ter um tamanho real de 14 km, comparável ao asteroide que matou os dinossauros), eles constaram que tudo se encaixava com muito mais naturalidade. E a Lua, em vez de se formar de um disco de detritos após o impacto, já nascia praticamente pronta na pancada em si.

O trabalho, publicado no periódico Astrophysical Journal Letters, também mostra como a Lua poderia ter adquirido uma composição mais predominante de Theia em seu interior e mais parecida com a da própria Terra nas camadas mais externas –corroborando o que é observado, ao menos superficialmente, com base em amostras lunares.

O modelo de formação da Lua em uma única etapa também harmoniza bem com parâmetros orbitais, como a inclinação e o período (crescente desde então). Mas o mais incrível é ver os vídeos das simulações, em que uma dança aparentemente delicada e maleável (na verdade um cataclismo violentíssimo e colossal), baseada em gravidade, pressão e hidrodinâmica, produz o belo par que bilhões de anos depois chamaríamos de nosso lar e sua grande companheira cósmica.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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