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Salvador Nogueira

Nasa e SpaceX avaliam missão para salvar telescópio Hubble

Ideia é usar cápsula Crew Dragon para elevar a órbita do satélite

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A Nasa pode colher um benefício inesperado de seu programa comercial de transporte de tripulação. A SpaceX procurou a agência espacial americana com uma ideia para potencialmente salvar o Telescópio Espacial Hubble, estendendo sua vida útil.

Nesse momento, é apenas um acordo de cooperação sem troca de recursos. Mas a esperança da empresa é demonstrar a viabilidade de levar uma cápsula Crew Dragon ao satélite e, no mínimo, elevar sua órbita. O Hubble atualmente gira em torno da Terra a uma altitude média de 535 km. Mas isso porque já perdeu um bocado de altura, no processo de decaimento natural de órbita em razão do arrasto provocado pelas poucas moléculas da atmosfera existentes àquela distância.

Se nada for feito, há uma probabilidade de 50% de que o telescópio reentre na atmosfera em 2037. Com uma missão que o leve de volta à altitude nominal de 600 km, seria possível adicionar 15 ou 20 anos a essa data.

Imagem do Hubble produzida por tripulante do ônibus espacial Atlantis em 2009
Imagem do Hubble produzida por tripulante do ônibus espacial Atlantis em 2009 - Nasa/Reuters

Vale lembrar que o Hubble deve sua boa fama justamente à capacidade de ser visitado e atualizado periodicamente. Quando foi originalmente lançado ao espaço, em 1990, descobriu-se que ele tinha uma imperfeição em seu espelho primário que impedia a produção de imagens com a qualidade esperada. Em essência, o telescópio foi lançado "míope". Mas, graças à primeira missão de atualização, em 1993, foi possível instalar "óculos" no satéltie e torná-lo a ferramenta afiada de decifração dos mistérios do cosmos que segue sendo até hoje.

Com efeito, o Hubble só está ainda em operação por conta disso também. Uma derradeira missão tripulada ao Hubble em 2009 permitiu a atualização dos instrumentos e a instalação de novos giroscópios, essenciais ao apontamento do telescópio, além da elevação da órbita. Desde 2011, contudo, com a aposentadoria dos ônibus espaciais, a Nasa perdera a capacidade de realizar essas missões de atualização.

O que o novo estudo tentará investigar é se há possibilidade de recuperar isso, ao menos parcialmente, com uma Crew Dragon, cápsula da SpaceX muito mais modesta que os ônibus espaciais. Não será fácil, pois o Hubble e as antigas naves da Nasa eram "casados": a área de carga delas tinha a estrutura certa para acoplar e dar acesso aos astronautas aos sistemas do telescópio.

Espera-se que pelo menos a elevação da órbita seja viável, mas isso pode acabar sendo uma vitória de Pirro: se os sistemas internos falharem, será apenas mais tempo com o satélite inerte em órbita, tornado lixo espacial. Daí a vontade de investigar a possibilidade de também promover reformas ao telescópio, sobretudo trocando os essenciais giroscópios. No âmbito do programa privado Polaris Dawn, financiado pelo magnata Jared Isaacman, Nasa e SpaceX analisarão as possibilidades ao longo de seis meses, antes de tomar qualquer decisão. Ainda é cedo para festejar. Mas já é um sopro de esperança para os fãs do telescópio.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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