A espaçonave Orion se tornou neste sábado (26) o veículo destinado a transportar humanos que até hoje mais se afastou da Terra. A missão Artemis 1, lançada em 16 de novembro, voa sem tripulação, num teste que a Nasa conduz como preparação para o envio de astronautas à Lua em meados desta década.
O recorde batido pertencia à missão Apollo 13, de 1970, que chegou a estar a 400,1 mil km da Terra com três astronautas a bordo. Mas a Orion deve seguir ampliando a distância e estabelecerá o novo recorde final nesta segunda-feira (28), alcançando 438,5 mil km.
O voo segue sem grandes sobressaltos. Na última quarta-feira (23), o controle da missão, instalado no Centro Espacial Johnson, em Houston, Texas, perdeu contato abruptamente com a espaçonave, às 0h09 (locais, 3h09 de Brasília), durante um procedimento rotineiro de reconfiguração da comunicação entre a Orion e a rede de antenas usadas pela Nasa para se comunicar com suas missões de espaço profundo, a Deep Space Network.
O blecaute durou 47 minutos, durante os quais a Orion seguiu operando conforme o planejamento. Dados da cápsula colhidos durante o blecaute de comunicações foram transmitidos para a Terra e estão sendo analisados, na esperança de entender o que ocasionou a perda momentânea de comunicação.
Na sexta-feira (25), às 18h52 (de Brasília), a espaçonave realizou sua segunda grande manobra propulsada. O motor principal do módulo de serviço foi disparado por 1 minuto e 28 segundos, inserindo o veículo em uma órbita lunar retrógrada distante. É chamada de retrógrada porque vai no sentido contrário ao da rotação da Lua, e é distante porque deixará a Orion a respeitáveis 64 mil km da superfície lunar.
A nave passará ao todo pouco mais de seis dias nessa órbita, realizando todos os testes da cápsula em um ambiente de espaço profundo. A ideia é se assegurar de que uma tripulação estará protegida e segura, do começo ao fim do voo, quando a próxima Orion, desta vez na missão Artemis 2, partir na direção da Lua, em 2024.
O voo tripulado terá um perfil mais simples que o atual: a Orion apenas irá contornar o satélite natural e em seguida pegar o caminho de volta para a Terra, concluindo a missão em cerca de dez dias. Para o teste sem tripulação, com a Artemis 1, optou-se por manobras mais complexas, a fim de levar os sistemas a seus limites.
Nos próximos dias, a Artemis 1 completará meia volta ao redor da Lua e então realizará mais um disparo de seu motor principal, colocando-a na direção de um novo sobrevoo da Lua. Quatro dias depois, uma última grande manobra propulsada deve colocá-la a caminho da Terra, onde chegará em 11 de dezembro, concluindo a missão com uma amerissagem no oceano Pacífico, auxiliada por paraquedas.
Atendendo à demanda, a agência espacial americana criou uma transmissão em streaming para que o público possa ver as imagens transmitidas pela Orion em tempo real durante toda a missão.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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