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Salvador Nogueira

Japão lança da Flórida sua primeira missão comercial à Lua

Empresa ispace pretende alunissar seu módulo Hakuto-R em abril

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A nova era de exploração lunar, inaugurada com toda pompa e circunstância com a missão Artemis 1, da Nasa, ganhou na madrugada deste domingo (11) um ingrediente a mais: a empresa japonesa ispace lançou ao espaço o veículo robótico Hakuto-R, com o qual espera se tornar a primeira companhia privada do planeta a pousar na Lua.

O lançamento partiu da plataforma 40 da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral. A decolagem do foguete Falcon 9, da SpaceX, se deu às 4h38, e iniciou uma longa jornada para o módulo de pouso nipônico, nesta missão batizada singelamente de M1. O plano envolve meses de operação em espaço profundo em uma trajetória de baixa energia até que ele entre na esfera de influência gravitacional lunar, e a tentativa de pouso, se tudo der certo até lá, pode vir em abril do ano que vem.

A ispace surgiu em 2008, com o objetivo de disputar o Prêmio X Lunar Google, que pagaria US$ 20 milhões a quem enviasse uma espaçonave capaz de viajar 500 metros pela superfície da Lua. A iniciativa financiada pela gigante da internet acabou terminando em 2018 sem que qualquer empresa conquistasse a premiação, mas a companhia japonesa chegou a receber recompensas por avanços parciais e seguiu trabalhando. A espaçonave em si teve sua montagem concluída em julho, seguida por testes térmicos e de vibração em solo.

Concepção artística do módulo Hakuto-R, da empresa ispace, na superfície da Lua
Concepção artística do módulo Hakuto-R, da empresa ispace, na superfície da Lua - ispace

Além de levar várias cargas úteis, o módulo deve transportar também o pequeno Rachid, rover robótico lunar desenvolvido pelo Centro Espacial Mohammed bin Rashid, dos Emirados Árabes Unidos. Será a primeira missão lunar deste país, que em 2021 chegou a Marte com seu primeiro orbitador, Hope. Também está embarcado um pequeno veículo da Jaxa, a agência espacial japonesa.

Será, se bem-sucedida, a primeira missão comercial à Lua. Aliás, quase tivemos a primeira em 2019, quando a empresa SpaceIL, de Israel, lançou o pequeno módulo de pouso Beresheet. Era outro grupo na disputa pelo Prêmio X Lunar Google, que realizou com sucesso a jornada até a Lua e falhou durante a tentativa de pouso, impactando contra a superfície. Não é fácil descer suavemente por lá, e o módulo Hakuto-R ainda terá um grande desafio pela frente.

Equipe da ispace acompanha o lançamento do Hakuto-R em Tóquio
Equipe da ispace acompanha o lançamento do Hakuto-R em Tóquio - Kyodo/Reuters

O que não é mais dúvida é que teremos muitas missões comerciais à Lua nos próximos anos. A própria Nasa decidiu adotar esse modelo, contratando "carretos lunares" –veículos comerciais capazes de levar cargas úteis à superfície da Lua para a agência operados por empresas espaciais– em vez de desenvolvendo seus próprios módulos de descida.

O programa, chamado CLPS (Commercial Lunar Payload Services), já fechou diversos contratos com várias empresas, duas das quais, Astrobotic e Intuitive Machines, devem realizar sua primeira tentativa de voo em 2023. A ideia é que a Nasa seja a principal cliente dessas companhias, mas não a única, viabilizando toda sorte de empreendimento na Lua, de experimentos científicos a iniciativas de publicidade.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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