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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira

Astrônomos dividem sistemas planetários em quatro sabores

De acordo com grupo, variedade a que pertence o Sistema Solar seria incomum

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O Sistema Solar é comum ou atípico? Conforme nossas estatísticas sobre sistemas planetários aumentam, os pesquisadores podem começar a atacar perguntas como essa, bem como entender o que dá margem à enorme variedade de configurações que uma família de planetas pode assumir ao redor de uma estrela. Um quarteto de pesquisadores defende agora que eles podem ser agrupados em quatro categorias básicas.

Em artigo publicado no periódico Astronomy & Astrophysics, Lokesh Mishra, Tann Alibert e Christoph Mordasini, da Universidade de Berna, e Stéphane Udry, da Universidade de Genebra, sugerem que sistemas de planetas podem vir nos sabores similar, ordenado, misto e antiordenado. Mas o que isso quer dizer? Bem, em essência, depende do parâmetro que se quer estudar. Os pesquisadores se concentraram nesse primeiro momento nas massas.

Um sistema da categoria similar é um em que todos os planetas têm massa parecida. Ordenados são aqueles que, a exemplo do nosso, apresentam uma tendência geral crescente de massa, do planeta mais interno para o mais externo. Um antiordenado seria o contrário: planetas com mais massa para dentro, e os com menos nas regiões mais externas. E o misto seria um em que a massa oscila de forma significativa de planeta a planeta, sem uma tendência geral específica.

Ilustração das quatro categorias de sistemas planetários, antiordenado, similar, misto e ordenado
Ilustração das quatro categorias de sistemas planetários, antiordenado, similar, misto e ordenado - NCCR PlanetS/Tobias Stierli

Para explorar a utilidade desse procedimento de discriminação, o grupo aplicou suas categorias a dois catálogos, um de 41 sistemas reais, com quatro ou mais planetas dos quais pelo menos quatro deles tivessem a massa estimada, e outro de sistemas virtuais, mil deles, "gestados" em simulações de computador. A ideia era a de comparar o que se vê no mundo real (incompleto em razão de limitações das observações) com simulações (completas, mas inacuradas, dada a simplificação dos processos).

Com efeito, houve contraste entre os dois resultados. Nos sistemas reais, a maioria (59%) se mostrou pertencer à classe similar. Os sistemas ordenados (como o Solar, incluído no catálogo) responderam por 37%. Outros 5% tiveram arquitetura mista. E nenhum deles é antiordenado.

Já nos mil sistemas simulados, variando parâmetros iniciais como massa do disco de formação e a quantidade de elementos pesados (seguindo o que acontece na realidade), os números foram diferentes. De novo, a categoria similar saiu no topo, mas com 80,2%. Cerca de 8% dos sistemas virtuais terminaram com arquiteturas mistas ou antiordenadas. E apenas 1,5% terminaram como o Sistema Solar, com arquitetura ordenada.

Pelo que ambos têm imprecisões, nenhum desses percentuais devem refletir acuradamente a realidade. Porém, revelam tendências que provavelmente são verdadeiras. Por exemplo, o fato de que a maioria dos sistemas tende a ter planetas com massa parecida, algo que já havia sido notado.

Nesse contexto, o Sistema Solar pode ser algo como uma raridade, embora outros como ele apareçam com mais frequência nas observações talvez por um viés: são um tipo bem mais fácil de detectar que o antiordenado.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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