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Salvador Nogueira

Índia lança missão para ser quarto país a pousar na Lua

Chandrayaan-3 deve partir nesta sexta (14), mas descida lunar vem só em agosto

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A Índia lança nesta sexta-feira (14) a missão que pode torná-la o quarto país a realizar um pouso suave na Lua. A Chandrayaan-3 ("Nave Lunar-3") partirá às 6h05 (de Brasília, 14h35 na Índia) a partir do Centro Espacial Satish Dhawan, na ilha de Sriharikota, em um foguete LVM3, também desenvolvido pelos indianos.

O perfil da missão repete o que havia sido feito na Chandrayaan-2, que fracassou em sua tentativa de realizar uma alunissagem em 2019. Primeiro a espaçonave é colocada em uma órbita elíptica terrestre que é gradualmente ampliada até a partida para a Lua, realizando em seguida uma correspondente espiral descendente em torno do satélite natural, até se estabilizar em uma órbita circular a cerca de 100 km da superfície da Lua. Tudo isso leva cerca de um mês para acontecer.

De lá o módulo de pouso Vikran iniciará a aproximação final para a superfície, enquanto um módulo de propulsão avulso permanecerá em órbita lunar servindo como retransmissor dos sinais de rádio do pousador. O orbitador da missão Chandrayaan-2, ainda em operação e conduzindo com sucesso sua missão científica de observação lunar, servirá como reserva para as comunicações. A descida da Chandrayaan-3 está marcada para o dia 23 de agosto, numa região próxima ao polo sul lunar.

Espaçonave indiana Chandrayaan-3 passa por testes antes de ser lançada rumo à Lua
Espaçonave indiana Chandrayaan-3 passa por testes antes de ser lançada rumo à Lua - Isro

Na primeira tentativa, os indianos tiveram um problema com o software do computador de bordo, o que acabou levando a sonda a realizar a fase final do pouso em velocidade mais alta do que a esperada, impactando a superfície a cerca de 200 km/h –muito acima da exigida para um pouso seguro (7,2 km/h). Todo o processo precisa acontecer de forma automatizada, sem intervenção do controle da missão na Terra.

Até hoje, apenas EUA, Rússia e China conseguiram realizar descidas suaves não tripuladas em solo lunar. A disputa pelo quarto lugar anda acirrada. O primeiro país a tentar foi Israel, por meio da empresa SpaceIL, que operou o módulo Beresheet até uma colisão com a superfície, em abril de 2019. Depois, vieram os indianos, com a Chandrayaan-2, em setembro daquele mesmo ano. E em abril deste ano quase o Japão conseguiu a façanha, por meio da empresa ispace, com seu módulo Hakuto-R. Mais uma vez, a comunidade astronáutica testemunhou a perda de um módulo de pouso a poucos metros da superfície. Agora a chance de inscrever seu nome nos anais da exploração espacial volta mais uma vez à Índia.

Caso o módulo Vikram ("Valor") consiga fazer um pouso suave, terá uma missão de cerca de 14 dias no solo lunar (basicamente o tempo que leva para anoitecer por lá, já que o veículo não foi projetado para sobreviver às baixas temperaturas noturnas), com quatro instrumentos. Ele também leva consigo um pequeno rover, o Pragyan ("Sabedoria"), com outros dois equipamentos científicos, destinados a analisar a composição da superfície no local de pouso. O projeto tem custo estimado em US$ 77 milhões e a espaçonave é uma versão aprimorada da que voou em 2019. Como uma segunda tentativa, tem maior chance de atingir o sucesso. Mas pousar na Lua nunca é fácil. Veremos.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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