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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Astronautas levarão plantas à Lua na missão Artemis 3

Nasa seleciona três experimentos para retorno de astronautas à superfície lunar, em 2026

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A Nasa anunciou a seleção de três experimentos a serem enviados à Lua em sua primeira missão tripulada à superfície no século 21, a Artemis 3, marcada (no momento) para o final de 2026. Um deles fará o primeiro estudo da capacidade de plantas para sobreviver e crescer no ambiente lunar.

O Leaf (acrônimo em inglês para "efeitos lunares sobre a flora agricultural") tem a liderança de Christine Escobar, da empresa Space Lab Technologies, de Boulder, Colorado. Ele deve ser o primeiro a observar o desempenho da fotossíntese e do crescimento de plantas sob a iluminação solar do polo sul lunar. A ideia é medir o impacto de estresse sobre as plantas em razão da radiação espacial e da gravidade mais fraca (na Lua ela tem um sexto da intensidade medida na superfície da Terra).

O experimento é um primeiro passo para avaliar a viabilidade de plantações em estufas lunares, o que pode vir a ser essencial não só para a alimentação de tripulações estacionadas no satélite natural, mas também para a manutenção de ar respirável (via conversão fotossintética de dióxido de carbono em oxigênio).

Concepção artística de astronauta instalando instrumento na superfície da Lua
Concepção artística de astronauta instalando instrumento na superfície da Lua - Nasa

Além desse, os outros dois experimentos selecionados pela Nasa são o Lems (acrônimo para "estação de monitoramento do ambiente lunar") e o LDA ("analisador dielétrico lunar").

O primeiro, liderado por Mehdi Benna, da Universidade de Maryland em Baltimore, medirá "selenomotos" (equivalentes lunares dos terremotos) e ajudará a investigar a estrutura interna da Lua.

Já o segundo é fruto de colaboração com a Jaxa (agência espacial japonesa) e é liderado por Hideaki Miyamoto, da Universidade de Tóquio. Seu objetivo é medir a capacidade do regolito (poeira que recobre a superfície lunar) de propagar um campo elétrico, parâmetro fundamental na busca por substâncias voláteis presentes lá, principalmente gelo de água.

O trio foi escolhido por conta da exigência de manipulação humana em sua instalação na Lua. Mas é certo que outros experimentos também serão adicionados a essa primeira missão, que tem a ambição de realizar a maior estadia em solo lunar já realizada por astronautas, algo como uma semana. O atual recorde, obtido pela Apollo 17 em 1972, é de três dias.

A Nasa segue firme com seus planos de retornar à Lua com tripulação antes do fim da década, mas a escolha vem criando problemas para outras iniciativas da agência, com um orçamento anual em declínio e os altos custos do programa Artemis e da missão de retorno automatizado de amostras de Marte.

Réplica em tamanho real da cápsula Órion, apelidada de Darth Vader, utilizada em treinamento de astronautas da missão Artemis 2 - Kenny Allen/Nasa

Para 2025, a gestão cortou verbas destinadas à operação dos telescópios espaciais Hubble e Chandra, gerando protestos entre os astrônomos. O corte sobre o Hubble foi menor (10%), mas o Chandra perdeu 40% de sua verba, que deve seguir encolhendo até atingir cerca de 10% do valor atual, em 2029. Além disso, o JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa) promoveu um corte de 8% em sua força de trabalho, a fim de conter despesas. Levar astronautas à Lua e trazer rochas de Marte não é fácil, nem barato.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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