Acontece neste sábado (28), às 11h, no térreo do Instituto Moreira Salles Paulista, a abertura da exposição "Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou", com a presença de uma roda de samba capitaneada pelo bloco Cacique de Ramos, que tem sua história registrada na mostra.
Com ingressos gratuitos, a exposição vai até 21 de abril de 2024 e reúne aproximadamente 380 itens, entre documentos, gravações musicais, fotografias, matérias de jornais, filmes e obras de arte provenientes do acervo do IMS e de outras instituições como o Instituto Donga. Leia mais em https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/04/sambista-donga-ganha-instituto-com-seu-nome.shtml.
A mostra contempla as redes de sociabilidade, além do trabalho e a espiritualidade que se constituíram em torno do samba, na capital carioca, do começo do século 20 até a atualidade. O título da exposição faz alusão ao termo "Pequena África", usado pelo artista e compositor Heitor dos Prazeres (1898-1966) para se referir à região da zona portuária do Rio, que no começo do século 20 concentrava comunidades de afrodescendentes, criadores do samba urbano.
O percurso da exposição tem início na região onde o samba urbano se originou, no cais do Valongo, o maior porto escravista da história, que chegou a receber cerca de 1 milhão de africanos escravizados.
Na entrada da exposição, o público ouvirá uma gravação na qual o ator Hilton Cobra lê anúncios retirados do Diário do Rio de Janeiro, entre 1821 e 1831, de venda e compra de pessoas escravizadas. Entre outras obras figuram ainda fotos do sítio arqueológico do Valongo, feitas em 2023, pelo fotógrafo Walter Firmo.
Imagens do Carnaval e documentos da Praça Onze, principal local da "Pequena África", mostram que perto dali fundou-se a primeira escola de samba e, em torno dela, realizou-se o primeiro desfile das agremiações.
A mostra destaca sambistas como Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga (1889-1973); Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha (1897-1973); Heitor dos Prazeres, Clementina de Jesus da Silva (1901-1987); a Tina ou Quelé, além de João Machado Guedes, o João da Baiana (1887-1974); e Angenor de Oliveira, o mestre Cartola (1908-1980), entre outros.
Serão exibidos também documentos e itens como o violão de Donga, a partitura de "Pelo Telefone", considerado o primeiro samba gravado do Brasil, o passaporte e o contrato de Pixinguinha com a gravadora Victor, registros e reportagens sobre a turnê feita pelos Oito Batutas em Paris, em 1922, além de pinturas de autoria de Heitor dos Prazeres.
A importante atuação das "tias" no universo do samba, mulheres negras e mais velhas que chegaram no Rio de Janeiro vindas da Bahia, em meados do século 19, também são lembradas pela exposição. Afinal, eram rezadeiras, cozinheiras e quituteiras que exerciam papéis de liderança em suas comunidades, que com o passar do tempo tornaram-se cada vez mais ligadas às escolas de samba.
Entre essas importantes figuras destacam-se, a partir de fotografias, livros, reportagens e depoimentos, Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata (1854-1924); Tia Amélia; Maria das Dores Alves Rodrigues, a Tia Dodô da Portela (1920-2015); e Lúcia Maria dos Santos, a Tia Lúcia (1942-2018).
"Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou" traz ainda muito mais sobre um dos gêneros musicais mais populares do Brasil.
Boa exposição!
EXPOSIÇÃO ‘PEQUENAS ÁFRICAS: O RIO QUE O SAMBA INVENTOU’
QUANDO De sábado (28) a 21 de abril de 2024
ONDE Instituto Moreira Salles Paulista, av. Paulista, 2424, São Paulo, tel. (11)2842-9120
QUANTO Gratuito
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