Novo em Folha

Programa de Treinamento

Novo em Folha - Editoria de treinamento
Editoria de treinamento
Descrição de chapéu Rússia jornalismo mídia

Jornalista conta os bastidores de entrevista com o presidente da Ucrânia

The Economist foi até a fortaleza de Zelensky, em Kiev, para uma conversa sobre o futuro da guerra

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Duque de Caxias (RJ)

Para chegar à sala onde entrevistariam o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a equipe da revista britânica The Economist levou uma hora, em um trajeto que, normalmente, levaria dez minutos. O motivo para que o tempo do percurso tenha sextuplicado foi uma reconfiguração das ruas de paralelepípedos da capital ucraniana, com a intenção de confundir soldados russos.

A rota desviava por vários caminhos, serpenteando pela cidade. Nas ruas, foi preciso passar por obstáculos antitanques, além de homens armados e pontos de controle bem fortificados.

No dia 25 de março, Zelensky deu uma entrevista exclusiva à The Economist, na qual cobrou apoio militar das nações do Ocidente e criticou a falta de antecipação das sanções impostas, que, segundo ele, poderiam minar o apoio da Belarus à Rússia.

Ao chegarem no complexo presidencial, a equipe de profissionais da Economist, que incluía a editora-chefe da revista, Zanny Minton Beddoes, e o editor para matérias sobre Rússia e leste europeu, Arkady Ostrovsky, precisou deixar aparelhos eletrônicos e qualquer material que pudesse indicar a localização deles.

Foto mostra presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sentado em uma cadeira de couro e apoiando os braços sobre uma mesa de vidro, da cor marrom. Ele é um homem branco, com cabelo e barba castanhos, que usa uma camiseta verde militar. Atrás dele, há uma parede branca e uma bandeira da Ucrânia, que possui uma listra azul e uma listra amarela. Em cima da mesa há alguns papéis e um telefone.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia , durante reunião com o Conselho Europeu - Ukrainian presidential press-service / AFP

Enquanto passavam pelo detector de metais, o jornalista Oliver Carroll, que escreveu sobre os bastidores da entrevista, avistou uma assessora, que olhava ansiosamente para os repórteres, por trás de uma grande pilha de rolos de papel higiênico, usados para a higiene daqueles que estão vivendo ali. Segundo ele, a mulher era uma das poucas que saía do lugar para ir para casa -a maior parte dormia no próprio complexo, em camas de acampamento.

Passando por alguns corredores escuros, os repórteres chegaram ao escritório do presidente, um ambiente semelhante a uma sala de reuniões corporativas, com uma mesa de fórmica branca, cadeiras e telões, que virou pano de fundo dos vídeos gravados pelo presidente ucraniano nas últimas semanas.

Dez minutos após terem se acomodado, Zelensky entrou na sala, acompanhado por soldados com metralhadoras.

Sentado na cabeceira da mesa, respondeu às questões dos jornalistas de forma rápida e amigável. Uma pergunta, no entanto, levou mais tempo para receber uma resposta: "o que seria uma vitória ucraniana?". Após sete segundos, afirmou: "Vitória significa salvar o maior número de vidas possível".

O repórter conta que o líder do país em guerra se cerca de um time de jornalistas, advogados, artistas e profissionais da autoajuda, todos vestidos com uniforme militar.

Um tradutor solicitado para a entrevista demorou a chegar ao local, por estar numa chamada telefônica estrangeira. "Algo não está certo quando o tradutor do presidente não está disponível para o presidente", brincou Zelensky.

No final, os repórteres e o presidente entraram em consenso: conversariam em ucraniano, com a tradução para os jornalistas. Em determinados momentos da entrevista, entretanto, Zelensky fala em inglês, com um forte sotaque.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.