Não chame a pessoa autista de herói, inspiração ou guerreira. Também não diga que ela superou as probabilidades. Essas denominações e expressões remetem à ideia de que o esperado é que o autista não alcançasse o sucesso.
Evite se referir ao autismo como doença. Transtorno ou condição são as palavras mais adequadas.
Evite, também, falar sobre cura do autismo, já que se trata de um transtorno do neurodesenvolvimento, uma condição que já nasce com o indivíduo.
Essas são algumas das dicas presentes no "Manual de Narrativas Atípicas - Um guia não definitivo para jornalistas e produtores de conteúdo", lançado, em junho, pela agência Maya.
O manual explica termos importantes, como neurodiversidade e os níveis de suporte, explica a diferença entre os símbolos usados pela comunidade autista (o quebra-cabeças, o infinito e o girassol) e ainda traz um glossário de termos comuns e 13 dicas sobre como entrevistar pessoas autistas. Também remete a fontes confiáveis de informação.
Paola Carvalho, jornalista e diretora criativa da consultoria Maya, mãe atípica, conta que uma das motivações para preparar o material -- que traz um eixo de neurodiversidade no trabalho -- foi ver a neurodivergência sendo vista como uma limitação e uma maneira de preencher cotas, em vez de uma potencialidade de pessoas que percebem e reagem de um jeito diferente ao mundo.
A proposta, diz ela, vai no sentido de "abrir portas para meu filho e uma geração que está chegando".
Carvalho reforça que trata-se de um guia não definitivo. "Há várias interpretações sobre diferentes aspectos do espectro, com evolução, mais pesquisas. Deixamos em aberto para quem quiser contribuir."
O manual foi elaborado pela Maya, com apoio no conteúdo pela Tismoo.me e a Stardust.
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