Centroavante. Na etimologia, centro + avante. O avante, ou atacante, central. Posição das mais importantes, se não a mais importante, no futebol.
Por quê? Porque é esse o cara cuja incumbência é fazer gols, que são a essência do futebol. Ele vive disso. Sem gols, estará em algum tempo desempregado.
O também chamado homem-gol (ou "matador") é o jogador que está, ou deve estar, quase sempre na área do adversário.
Perto do gol rival. Centralizado, à espera de um passe ou cruzamento que lhe dê a oportunidade de fazer o que melhor sabe: finalizar.
O time que tem um centroavante de qualidade deve valorizá-lo muito. Não é artigo abundante no mercado da bola.
Muitos até há, mas os que dão retorno são poucos. E os que dão retorno por muito tempo são mais escassos ainda.
Várias equipes carecem de um centroavante, de um camisa 9 que resolva, que decida, que a cada jogo deixe sua marca.
A seleção brasileira é um exemplo.
Na Copa do Mundo de 2018, Gabriel Jesus e Roberto Firmino foram os convocados para a posição. Nenhum, porém, tem as características do centroavante tradicional.
Eles até podem jogar centralizados e se posicionarem na área adversária, porém hoje está muito claro que Jesus atua melhor pelos lados do campo (especialmente pela direita) e que Firmino se destaca mais quando recua para armar os ataques.
Mérito de Tite, o Brasil consegue bons resultados mesmo sem a escalação de um centroavante de ofício.
A história mostra ser possível vencer com ou sem ele –na Copa de 1970, Tostão, um meia-atacante, atuou improvisado e deu certo.
Estou certo de que Tite não escala um centroavante não porque não queira, mas porque não identifica um que se encaixe decentemente.
Se o polonês Lewandowski fosse brasileiro, não seria titular absoluto da seleção? O belga Lukaku? O francês Benzema? O norueguês Haaland?
Esses são os centroavantes mais badalados do momento, conforme lista de concorrentes à seleção de 2021 divulgada pela FFIPro, o sindicato global de futebolistas profissionais.
Os próprios jogadores, de todos os cantos do mundo, dão seus votos. O resultado será conhecido em janeiro, na entrega do prêmio "The Best", da Fifa.
Todos os quatro são excelentes. Mas qual é "mais excelente"?
Lewandowski, o melhor do mundo em 2020, parece ser hoje, na teoria, pela observação semana a semana, superior aos demais. Será que é mesmo, na prática?
Na comparação feita neste texto, um único critério determinará a escolha.
Esse critério, objetivo, são os gols por minuto feitos de 1º de janeiro a 25 de dezembro deste ano, em jogos válidos por competição –amistosos ficam fora.
O número total de gols importa? Sim, mas quem joga mais tempo tem mais chance de fazer gol.
Assistências são relevantes? Sim, mas a função primordial de um centroavante é fazer o gol, não dar o passe para o gol.
Os gols por minuto são, a meu ver, fator que mede a eficiência de um centroavante. Por isso é o critério adotado agora.
Karim Benzema - 34 anos - Destro - Real Madrid e seleção francesa. Minutos: 4.988 (o equivalente a 55,4 jogos). Gols: 47. Um gol a cada 106 minutos.
Robert Lewandowski - 33 anos - Destro - Bayern de Munique e seleção polonesa. Minutos: 4.876 (o equivalente a 54,2 jogos). Gols: 69. Um gol a cada 71 minutos.
Erling Haaland - 21 anos - Canhoto - Borussia Dortmund e seleção norueguesa. Minutos: 4.167 (o equivalente a 46,3 jogos). Gols: 48. Um gol a cada 87 minutos.
Romelu Lukaku - 28 anos - Canhoto - Inter de Milão/Chelsea e seleção belga. Minutos: 3.919 (o equivalente a 43,5 jogos). Gols: 30. Um gol a cada 131 minutos.
Haaland e Lukaku estiveram menos tempo em campo devido a lesões no segundo semestre deste ano. O que, de acordo com o critério estabelecido, não faz diferença.
Sem delongas, Lewandowski é, conforme a suspeita, o centroavante mais eficaz dessa quadra em 2021, seguido pelo jovem Haaland, por Benzema e por Lukaku.
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