Fazer três gols em uma mesma partida é um feito considerável.
O chamado hat-trick não é visto todos os dias, e o futebolista que o executa costuma levar a bola do jogo para casa, como recordação.
No Brasil, a fama desse artilheiro consegue até um espaço em horário nobre na televisão: ele pode pedir música no dominical Fantástico, da TV Globo.
A referência aos três tentos em uma partida é para gols feitos a favor. Afinal, não é crível alguém marcar um hat-trick contra.
Pois agora é.
E a infelicidade é toda de Meikayla Moore, zagueira neozelandesa do Liverpool que viveu essa experiência desonrante em EUA x Nova Zelândia, neste domingo (20), na SheBelieves Cup.
O palco do pesadelo de Moore foi o Dignity Health Sports Park, arena localizada em Carson, na Califórnia.
Ela marcou os três primeiros gols dos EUA na goleada por 5 a 0, ou seja, fez mais gols na sua companheira Erin Nayler, a goleira, que as adversárias.
O hat-trick ocorreu todo no primeiro tempo, em um intervalo de 31 minutos –indubitavelmente a pior meia hora da vida profissional de Moore, que está com 25 anos e joga em times adultos desde 2017.
Afinal, muito rapidamente ela igualou, desafortunadamente, os mesmos três gols feitos a favor de sua seleção, todos em 2018 (um em junho, um em novembro, um em dezembro). Ela tem 50 atuações pelo time principal de seu país.
Os gols contra de Moore na partida pelo torneio que também é disputado por Islândia e República Tcheca saíram sempre depois de cruzamentos na área.
Os dois primeiros ocorreram em ataques consecutivos, em um espaço de apenas um minuto e 21 segundos. Moore marcou de pé direito aos 4min10s, ao tentar desviar para escanteio, e de cabeça aos 5min31s, quando a bola bateu em seu rosto sem que ela esperasse.
Faltava o gol com o pé esquerdo... E ele saiu, aos 35min10s, em novo erro técnico da camisa 5, que depois desse lance não sabia onde se esconder, tamanha a vergonha.
Ela nem chegou a terminar o primeiro tempo, sendo substituída aos 40 minutos. Ao se sentar no banco, estava com a face enrubescida.
"Foi um dia duro para ela no trabalho, e obviamente ela está desapontada", declarou a treinadora da Nova Zelândia, a tcheca Jitka Klimkova, sobre a atuação desastrosa de Moore. "Mas estamos com ela, dando apoio neste momento difícil."
A pergunta que muita gente deve fazer é: isso que Moore fez, um hat-trick contra, é algo inédito no futebol? A resposta é: não e sim.
Como assim, não e sim?
Existe um único outro caso conhecido, registrado pela mídia esportiva, de um hat-trick contra.
Em 1995, na Bélgica, o Anderlecht derrotou o Germinal Ekeren por 3 a 2. E os três gols do time visitante foram creditados a Stan van den Buijs.
De fato, o camisa 3 do Germinal Ekeren mandou a bola para as redes duas vezes, uma de pé esquerdo, no primeiro tempo, e outra de cabeça, no segundo, em uma partida num campo castigado pela chuva.
O terceiro gol, no entanto, claramente não foi de Van den Buijs, como pode ser visto em vídeo.
Ele cabeceou para trás e a bola, que encobriu o goleiro Vande Walle, entraria na meta. Antes, entretanto, Degryse mergulhou e tocou de cabeça para a rede. Claramente foi gol do atacante do Anderlecht.
Desse modo, apesar de registros escritos contabilizarem três gols contra para Van den Buijs nessa peleja, a imagem comprova que um não foi dele.
O que deixa a neozelandesa em vantagem (se bem que nesse caso o mais apropriado é "em desvantagem") na comparação com o belga.
Hat-trick contra, que seja conhecido e comprovado no futebol, só existe um, e é dela: Meikayla Moore.
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