O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu África

Benin troca o apelido para impor mais respeito aos adversários

Seleção africana dispensa o esquilo, roedor de pequeno porte, e incorpora o guepardo, felídeo veloz e caçador

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Algumas seleções de futebol se notabilizam mundialmente, também, por seus apelidos.

Entre campeões mundiais, o Brasil é conhecido como Seleção Canarinho. A Inglaterra é chamada de English Team, e a Itália, de Squadra Azzurra. O Uruguai é a Celeste Olímpica. A Espanha é a Fúria. A França, os Azuis.

Na África, cujos países não conquistaram ainda uma Copa do Mundo, seleções costumam ter apelidos relacionados ao reino animal.

Não é necessária uma explicação elaborada para isso. Basta saber que a fauna é muito rica nesse continente, havendo uma gama considerável de bichos, muitos deles selvagens.

Desse modo, as seleções buscam inspiração nos animais símbolos de suas nações para fortalecer moral e mentalmente os jogadores nas partidas, além de fomentar o orgulho em seus torcedores.

São muito famosos os Leões Indomáveis (Camarões) e os Elefantes (Costa do Marfim).

Há também, entre outros exemplos, os Leões-do-Atlas (Marrocos), os Leopardos (Congo), as Raposas do Deserto (Argélia), os Escorpiões (Gâmbia) e os Panteras (Gabão).

Todos esses animais são vistos como donos de predicados consideráveis.

O leão, célebre pela bravura, é nada menos que o rei da selva. O elefante é grande, pesado, imponente. A raposa é astuta, esperta. A pantera é rápida, vigorosa. O escorpião tem uma picada mortal.

Nesse panorama, comparando-se com as rivais, a seleção do Benin concluiu estar em posição de inferioridade. O time é chamado, desde os anos 1960, de Esquilos.

Vestidos com uniforme amarelo, jogadores da seleção de futebol do Benin participam de treino
Treino da seleção de futebol masculina do Benin, que passará a ter o apelido de Guepardos - @fbfofficiel no Twitter

Não que o esquilo, um roedor, não tenha suas qualidades. Ele é ágil e consegue escalar árvores. O Benin quis, com ele na seleção, passar a imagem de um pequeno país querendo subir bem alto.

Porém, passadas várias décadas, as características do esquilo parecem não ser mais suficientes para as pretensões da seleção da África ocidental, que jamais se classificou para a Copa do Mundo e disputou somente quatro edições da Copa Africana de Nações.

A comparação com elefante, leão e pantera, principalmente, não ajuda, pois os esquilos são pequenos e inofensivos diante deles –não têm também a letalidade de um escorpião.

Na visão da federação de futebol local, com a anuência de seus torcedores, o tamanho passou a ser documento, e a significância da seleção, portando esse apelido, ficava diminuta.

"O apelido dado à seleção nacional deve ressonar na população e refletir nossas fortes pretensões no mundo esportivo", expôs em comunicado a Federação de Futebol do Benin.

Tornou-se necessário escolher um novo cognome. Sai então de cena o esquilo e apresenta-se no palco o guepardo, outro representante da fauna do Benin.

Esquilo corre na grama verde de campo de golfe em Tulsa, nos EUA
Esquilo corre em campo de golfe em Tulsa, nos EUA - Richard Heathcote - 18.mai.2022/AFP
Guepardo corre no zoológico African Safari em Plaisance du Touch, na França
Guepardo corre em zoológico em Plaisance du Touch, na França - Lionel Bonaventure - 7.jul.2022/AFP

Também chamado de chita, o guepardo é um felídeo e sua principal característica é a velocidade. É o animal terrestre mais veloz do planeta, podendo correr a mais de 100 km/h.

Parece-se fisicamente com o leopardo, devido à pele amarelada e coberta por pintas pretas, e é considerado um ótimo caçador.

Em um duelo entre o guepardo e o esquilo pela sobrevivência, o primeiro leva uma vantagem avassaladora.

"A partir de agora não haverá mais esquilos no futebol do Benin", afirmou Mathurin de Chacus, o presidente da federação do Benin. "Nossos jogadores serão chamados de guepardos."

Com um apelido mais "assustador", conforme classificou à BBC o ex-jogador da seleção Emmanuel Imorou, o Benin espera ter mais garra em campo, a fim de poder alcançar uma posição de maior respeito no futebol.

Atualmente, a seleção masculina ocupa a 91ª colocação no ranking da Fifa –que é liderado pelo Brasil–, atrás de outros 18 países africanos.

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