O português José Mourinho, 59, reconhecidamente um dos grandes treinadores da história, já teve dias melhores na carreira.
Sua década de ouro na profissão foi a primeira deste século.
Nela, triunfou duas vezes na Champions League (Porto e Inter de Milão), ganhou duas vezes o Campeonato Inglês (Chelsea), duas vezes o Italiano, duas vezes o Português.
Na década passada, por Real Madrid, Chelsea e Manchester United, não teve sucesso estrondoso. As conquistas mais relevantes foram um Campeonato Espanhol, um Campeonato Inglês e uma Liga Europa.
Ele pode, entretanto, gabar-se de ter faturado pelo menos um título em cada um desses clubes. Passou em branco apenas na direção do Tottenham.
Seu atual clube é a Roma, e com ela, longe de ter um elenco estrelado, não fugiu à regra e já levantou uma taça, neste ano, a da edição inaugural da Liga Conferência, o terceiro torneio em importância no velho continente, atrás da Liga dos Campeões e da Liga Europa.
Uma de suas missões é tirar a Roma da fila no Campeonato Italiano.
O time da capital, que nunca foi propriamente uma força no país –soma três scudettos, muito atrás de Juventus (36), Inter e Milan (ambos 19)–, ergueu o troféu pela última vez em 2001.
Para cumpri-la, Mourinho, conhecido pela língua ácida, com críticas frequentes e ferrenhas à arbitragem, além de alguns arranca-rabos com colegas de prancheta, declarou que, para obter melhores resultados, terá de pedir a seus jogadores que se atirem na área para cavar pênaltis.
"Direi a eles que não tentem ficar de pé, que não lutem pela bola, que sejam palhaços como aqueles que mergulham como se estivessem em uma piscina, porque é evidente que é assim que você consegue pênaltis."
Qual o contexto?
O técnico queixou-se de um pênalti não marcado em Zaniolo na derrota por 1 a 0 para o Atalanta, na mais recente rodada do Italiano, em Roma. A reclamação resultou em sua expulsão.
Houve uma disputa entre o atacante e Okoli, na área da equipe visitante, e, segundo Mourinho, o defensor cometeu um "pênalti claro", mas, como Zaniolo relutou em cair, optando por tentar dar prosseguimento ao lance, o árbitro Daniele Chiffi nada marcou.
Terá sido o português irônico em sua declaração para que seus jogadores passem a ser também "mergulhadores"?
Há de se esperar que sim, pois o cai-cai, artifício empregado para obter vantagem, não é algo sadio nem honesto para o futebol.
Porém um detalhe precisa ser observado em relação ao que afirmou Mourinho.
Se ele possui a convicção de que a arbitragem tem a tendência a assinalar penalidades máximas quando um atleta valoriza a falta sofrida na área, e podendo isso ser comprovado empiricamente, é necessário que as autoridades do apito na Bota focalizem a questão e mudem o cenário.
Caso contrário, há quem concordará, e não sem razão, com a fala em princípio esdrúxula do renomado e rabugento treinador.
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