O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro
Descrição de chapéu Seleção Brasileira

A hora e a vez de Pedro na seleção brasileira

Dorival enfim convoca o 9 do Flamengo, artilheiro do Brasileiro e o melhor homem de área que o Brasil tem atualmente

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Pedro, 27, enfim foi convocado por Dorival Júnior para a seleção brasileira, que no mês que vem, em situação ruim na tabela (sexto entre dez concorrentes), enfrenta Equador e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

Já deveria ter sido para a Copa América nos EUA, no meio do ano, porém o treinador elegeu, como opção para a "centroavância", Evanílson, do Porto.

Evanílson pouco jogou na miserável campanha em que o Brasil, com um futebol pouquíssimo convincente, caiu nas quartas de final, eliminado nos pênaltis pelo Uruguai.

Com as mãos esticadas para a frente e usando camisa com listras horizontais vermelhas e pretas, Pedro, atacante do Flamengo, comemora gol contra o Fortaleza no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro
O flamenguista Pedro, artilheiro do Campeonato Brasileiro, comemora gol contra o Fortaleza no Maracanã - Sergio Moraes - 11.jul.2024/Reuters

O camisa 9 do Flamengo é merecedor, não de hoje, de estar entre os 23 (na Copa América foram 26 e nem assim ele entrou). Com seu 1,85 m, é o melhor homem de área que o Brasil tem, até porque há carência de bons centroavantes na atualidade.

Olhando para a lista de artilheiros do Campeonato Brasileiro, no topo aparece Pedro, com dez gols em 20 partidas. O centroavante nascido no Brasil mais próximo dele é Everaldo, do Bahia, com seis gols em 22 jogos –aos 33 anos, ele não está nos planos de Dorival.

Atuando no exterior, o Brasil carece de homens-gol. Não me lembro de um que mereça ser citado atualmente. Aliás, já faz tempo que não temos um bom centroavante na seleção, um de nível Ronaldo Fenômeno, Romário, Careca.

Nas últimas duas Copas, Rússia-2018 e Qatar-2022, jogaram na posição, respectivamente, Gabriel Jesus e Richarlison. Os dois não são centroavantes natos, atuam melhor caindo pelas laterais do ataque. E os dois não foram bem nos Mundiais, especialmente Jesus há seis anos.

Pode-se jogar sem um autêntico camisa 9 e triunfar? Sim. A Argentina ganhou a Copa no Qatar assim, o Real Madrid ganhou a mais recente Champions League assim.

Mas eu defendo que todo time precisa contar com um finalizador, com aquele cara que, dentro da área, é temido, é chamado de "matador". Que chute bem, cabeceie bem, faça bem o pivô e que, preferencialmente, tenha habilidade e bom controle de bola. Um Haaland (Manchester City). Um Lewandowski (Barcelona). Um Kane (Bayern de Munique).

Com os braços abertos e usando camisa azul celeste, o centroavante norueguês Erling Haaland, do Manchester City, celebra gol em amistoso em Nova York contra o Milan
O norueguês Erling Haaland, do Manchester City, é considerado o melhor centroavante do mundo - Lucas Boland - 27.jul.2024/USA Today Sports via Reuters

Na seleção brasileira, Pedro é esse cara. É a vez dele. É a hora dele.

Se não for para sair jogando, que possa ser opção para o decorrer da partida. Porém acredito que deva ter sua chance desde o início. Por quê? Pela boa fase e devido ao esquema sem centroavante não estar funcionando na seleção.

E Endrick, 18, maior revelação recente do futebol brasileiro, não se encaixa ali? Pode se encaixar, mas ele não mostrou ter, pelos menos até agora, as características necessárias para jogar enfiado entre os zagueiros. Não constantemente, na maior parte do jogo –além disso, a altura (1,73 m) não ajuda na briga pelo alto.

O mesmo pode se afirmar em relação a Rodrygo (colega de Endrick no Real Madrid), que atua melhor não como a referência no ataque, mas na movimentação pelo lado ou ao recuar para receber a bola e tentar uma jogada, uma tabela, uma finalização.

Chamou-me a atenção o fato de Rodrygo ter aparecido na relação dos convocados como meia. Na ausência de Neymar, ele herdou a camisa 10 da seleção, só que não é um meia. Até pode se tornar um, mas hoje não é.

Esse fato pode indicar que Dorival pretende escalá-lo como terceiro homem de meio de campo, à frente de dois volantes, na criação, na vaga de Lucas Paquetá.

Tenho dúvidas se dará certo. Contudo, se a escolha for essa, a chance de Pedro jogar aumenta, pois Rodrygo deixa de ser um dos nomes do trio ofensivo, que passaria a ter Savinho (ou Luiz Henrique ou Estêvão) na direita, Pedro no meio e Vinicius Junior na esquerda. Parece bom.

Ressalte-se que Pedro está em recuperação de contusão. Lesionou-se na coxa no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, no dia 15 deste mês, contra o Bolívar.

Deve voltar a jogar no começo de setembro. O Brasil pega o Equador no dia 6 (sexta-feira), em Curitiba, e o Paraguai no dia 10 (terça-feira), em Assunção.

A ver se Pedro estará em boas condições. Se sim, que jogue, que tenha minutos para tentar fazer gols. Se não, será cortado, e a hora e a vez dele serão adiadas.

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