Acossado pela repercussão do projeto que autoriza o garimpo em terras indígenas, Jair Bolsonaro resolveu apostar na extração de ouro pelo Ministério da Educação.
Messias guiou a alma de um pastor para operar o milagre da multiplicação de verbas: (MEC 17.1) "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua base eleitoral sobre a rocha dourada."
Pastores já interpretam que este novo versículo vai garantir a Messias o poder de caminhar sobre as urnas eletrônicas.
Onisciente de sua fé inabalável no governo Bolsonaro, o pastor Rodrigo Constantino argumentou na última terça-feira: "O problema é ser pego. Então, realmente, pra um áudio desses vazar tem alguém que está querendo sabotar o MEC". Constantino prossegue com uma argumentação hesitante e conclui: "Esse é o ponto. Foi pego. Todo mundo faz aquilo lá. Só que não pode ser pego".
Houve um consenso paroquial de que o pastor Constantino não construiu uma boa argumentação. Ciente do poder de sua oratória e comovido pelo charme penetrante de seu olhar e a virilidade de seu tórax, resolvi estender a mão para ajudá-lo.
Oi Rodrigo,
Aqui vão algumas ideias para você defender melhor o Jair:
1) Bolsonaro, como se sabe, possui um toque de Midas. Tudo que ele toca vira ouro.
2) Notem a evolução no MEC. A gente já teve um ministro que foi defenestrado pela Tabata Amaral, outro que cometia erros crassos de português. Agora temos um prodígio da matemática.
3) O Brasil está na vanguarda da propina. Estamos diversificando os pagamentos levando em conta os ativos mais valiosos. Passamos das malas de dinheiro para as barras de ouro. O próximo passo, quem sabe, será receber os pagamentos em galões de gasolina.
4) Não é corrupção. É dízimo.
5) As igrejas não pagam impostos, mas os impostos pagam as igrejas.
6) Foi bom, pois o pastor tirou atenção do orçamento secreto, que tirou atenção da prevaricação no caso Covaxin, que tirou atenção da viagem de Carlos à Rússia, que tirou atenção do talento imobiliário de Flávio, que tirou atenção das rachadinhas. Mas não há corrupção no governo Bolsonaro!
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