As obras da linha 6-laranja do Metrô de São Paulo patinam devido a obstáculos geológicos e poderão sofrer atraso de mais de três anos, mas já é possível saber como será o design dos trens que serão usados na futura linha.
A fabricante de trens Alstom e a concessionária Linha Uni divulgaram na quarta (26) projeções de como será a composição. O trem ainda não existe fisicamente —as primeiras caixas estão em produção— e, por isso, a apresentação ocorreu no Lab 4.0 da Alstom, um laboratório de realidade virtual.
Os trens levam em sua pintura a cor laranja, com o objetivo de reforçar o nome da linha, e o espaçamento das portas e corredores foi projetado para proporcionar melhor fluxo de passageiros, com grandes janelas e portas que permitirão visão clara do exterior, de acordo com a Alstom.
Ainda segundo a fabricante, os trens serão mais leves, consumirão menos energia e serão fabricados em aço inoxidável, com durabilidade de mais de 40 anos das estruturas das composições, e terão tecnologia que permitirá o funcionamento sem um operador a bordo.
Cada trem terá capacidade de transportar até 2.044 passageiros simultaneamente, numa velocidade de até 90 km/h. No total, a unidade industrial da Alstom, em Taubaté, fabricará 22 trens de seis carros de passageiros.
Como mostrou o repórter Fábio Pescarini, dificuldades geológicas na obra da linha 6, que ligará a zona norte à região central de SP, podem atrasar em 1.096 dias, ou seja, mais de três anos, a entrega das estações do novo ramal de São Paulo.
O prazo consta em um relatório de administração publicado em março pela concessionária Linha Uni, responsável pela obra e gestão do novo ramal metroviário paulistano, em uma PPP (Parceria Público Privada) com o governo do estado.
Por causa da possibilidade de atraso, está pedindo uma compensação financeira de R$ 230 milhões, que está em estudo pelo governo estadual. A construção da linha está orçada em R$ 18,5 bilhões, em valores atualizados. Na última segunda (24), o vice-governador paulista, Felício Ramuth (PSD), afirmou que a última previsão de entrega das primeiras estações da linha 6-laranja do metrô está mantida, mesmo com os problemas geológicos encontrados.
Com 15 estações, quando estiver concluída, o linha vai ligar Brasilândia, na zona norte, ao centro da capital, com interligações com outras linhas e com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A expectativa é transportar 630 mil passageiros diariamente.
A unidade industrial da Alstom em Taubaté foi inaugurada em 2015 com investimento de R$ 50 milhões (R$ 85,3 milhões, corrigidos pela inflação) e, entre outros pedidos, produziu 27 carros para o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do Rio de Janeiro e carros de passageiros para o metrô de Santiago, no Chile.
A encomenda chilena de 35 novos trens foi feita após dois anos sem pedidos na unidade, que já passou por ampliação, inaugurada em 7 de novembro de 2022, com o objetivo de atender projetos nacionais e internacionais, a um custo de R$ 100 milhões (R$ 108,1 milhões, corrigidos).
Incluindo as encomendas para os sistemas metroferroviários de São Paulo e Santiago, estão sendo produzidos mais de 170 trens (mais de 940 carros) na fábrica, com pedidos também de Taipei (Taiwan) e Bucareste (Romênia).
A Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) prevê que o setor apresentará crescimento neste ano, depois de ter zerado a fabricação de carros de passageiros em 2022 pela primeira vez desde 1997.
As previsões indicam que serão fabricadas 45 locomotivas neste ano, crescimento de 45,16% em relação às 31 comercializadas no ano passado.
Já os vagões para cargas devem crescer 25,89% no ano, passando dos 1.271 fabricados de 2023 para 1.600. Os carros de passageiros, por sua vez, devem manter neste ano a produção do ano passado –291 unidades–, número muito superior aos registrados nos anos anteriores.
Em 2020, foram 72, ante os 35 de 2021 e nenhum, no ano seguinte. Desde o início da série histórica, em 1971, somente em 1997 e em 2022 os fabricantes nacionais não produziram um carro de passageiros sequer.
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