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Sons da Perifa - Jairo Malta
Jairo Malta
Descrição de chapéu mídia

Salvador da Rima relembra massacre em Paraisópolis: 'Poderia ter sido eu'

Rapper lançou música "Nike e Lacoste"; clipe foi gravado em favela onde ocorreu mortes em baile funk, há dois anos

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São Paulo

De marreteiro a um dos principais nomes do rap nacional, muita coisa se passou na vida de Fábio Gabriel Araújo Salvador, 20, conhecido no rap como Salvador da Rima. Cria da região leste de São Paulo, rimou em trens paulistas e ganhou mais espaço após uma disputa de rimas na Batalha da Aldeia —tradicional evento de rap em Barueri, região metropolitana de São Paulo.

Em parceria com o DJ Cia —que já produziu discos do RZO, Racionais MC’s e Sabotagem— e o rapper carioca Felp22, Salvador da Rima lança a música "Nike e Lacoste" nesta sexta-feira (3). O clipe da faixa foi gravado em Paraisópolis, favela da região sul de São Paulo e que há dois anos foi manchete na mídia, quando nove jovens morreram após uma operação policial no Baile da DZ7.

"Gravar em Paraisópolis é uma satisfação para mim. Eu pegava o trem lotado, saia daqui da Leste para ir lá no baile. Quando ocorreu a tragédia, fiquei muito mal porque poderia ser um de nós que sempre frequentava esse baile", afirma o MC.

O rapper, que aos 14 anos já trabalhava em tempo integral e decidiu sair da casa dos pais aos 16 anos, começou a escrever seus primeiros versos ainda na infância. "Acabei me apegando ao funk e ao rap desde pequeno. Isso cresceu depois que perdi alguns amigos na vida do crime e que não tiveram a oportunidade de sonhar. Eu queria expor a indignação de quem vive na periferia, nossos questionamentos. Queria ser um representante."

Homem branco em foto preto e branca com braços crusados
O cantor Salvador da Rima - Do Instagram @salvadordarima

Um desses episódios de indignação ocorreu no dia 27 de fevereiro deste ano: o cantor foi detido após uma abordagem policial violenta, em que foi enforcado por um agente militar. Dez meses depois, Salvador acredita que aquela situação não deve se repetir em sua vida.

"Hoje, graças a Deus, acredito que pelo fato de eu ser quem sou, da condição que tenho, as abordagens são diferentes. Quando você está com um carro importado, é difícil de esse tipo de abordagem acontecer, graças a Deus não sofro por conta disso mais. Diferente de outras pessoas da periferia, que não têm a mesma sorte".

Salvador comenta que tem como inspirações, além do rap e do funk, bandas de rock como Legião Urbana e Charlie Brown Jr., que o ajudaram em sua construção como artista. No entanto, ele afirma que hoje é mais influenciado pelos trabalhos de MC Hariel e Kevin —funkeiro morto em 16 de fevereiro após cair do quinto andar de um hotel da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Outra referência para o rapper é Mano Brown, que não poderia ficar de fora entre suas motivações musicais por ser um rapper de periferia e lembrado pelas rimas pesadas. O maior sonho de Salvador da Rima é uma parceria com o ídolo. "Tá mais perto do que nunca fazer um feat. com esse cara."

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