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Educação básica recebe apoio de universidades em meio à pandemia

Ações das instituições de ensino superior mitigaram danos do período de isolamento

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São Paulo
Ilustração mostra 3 crianças pensativas. A imagem retrata os efeitos indiretos na rotina das crianças da educação básica durante a pandemia.
Edson Ikê/SoU_Ciência

O fechamento das escolas em quase todo o mundo por um ano ou mais (no Brasil, em vários estados, por dois anos) foi um dos impactos sociais mais graves da pandemia. Apesar de não serem a faixa etária mais afetada pela doença, crianças e adolescentes constituem um dos grupos que mais sofreu com os efeitos indiretos da Covid-19 - e junto com eles todos que alteraram suas rotinas para dar conta da nova situação: familiares e professores, em especial.

Alguns dos impactos foram o aumento da evasão escolar ou da perda de ano; expressão oral, escrita e corporal afetadas; perda de conteúdos em função do novo formato remoto; perda de concentração e de interesse pelos estudos; desigualdade nas condições de acesso remoto (conexão de internet, equipamentos e espaços adequados necessários); além de falta de apoio familiar e de socialização, situações de sofrimento, depressão e mesmo violência doméstica. A médio e longo prazo, as consequências cognitivas e psicológicas nesta geração ainda serão melhor compreendidas.

Painel do SoU_Ciência e da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) que apresenta como as Universidades Federais atuaram na defesa da vida durante a pandemia mostra, entre as várias iniciativas, o apoio à educação básica em todas as regiões do país, por meio dos seus cursos de licenciatura, projetos sociais e de extensão.

As Universidades Federais ampararam comunidades em maior situação de vulnerabilidade social, como estudantes em áreas rurais, indígenas e quilombolas, estudantes de educação especial, primeira infância e estudantes sem acesso à internet. Também realizaram convênios e parcerias com secretarias de educação municipais e estaduais para auxiliar na produção de conteúdos e no uso de tecnologias. Forneceram cursos de formação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e acesso a softwares e aplicativos úteis para o ensino remoto.

Outros projetos das instituições repararam equipamentos e computadores para fornecer a estudantes de menor renda e produziram materiais didáticos em vários formatos. Os estudantes acompanharam dificuldades de aprendizado em todas as faixas etárias, incluindo os contextos familiares e de saúde mental, apoiando as crianças e adolescentes com defasagem, a partir de reforços temáticos e ofereceram cursinhos online para estudantes que prestariam ENEM.

Vejamos com mais detalhes o que algumas das universidades federais realizaram: A UFABC, em São Paulo, por exemplo, atuou com projeto de inclusão escolar, identificando os desafios e estratégias utilizadas por professores da educação básica junto a alunos da educação especial, difundindo-as para auxiliar no enfrentamento do fechamento das escolas. A Federal Tecnológica do Paraná, entre outras iniciativas, promoveu letramento digital inclusivo, com metodologias para ensinar TI e comunicação a crianças com deficiência, no atendimento a estudantes com defasagens e de escolas rurais.

No Maranhão, a UFMA avaliou impacto sobre qualidade de vida e percepção de estudantes do ensino remoto durante a pandemia, em especial, impactos e desafios para estudantes com deficiência. Já a Unipampa, no Rio Grande do Sul, também apoiou o processo de escolarização de estudantes com deficiência e liberou acesso gratuito a softwares diversos. No Pará, a UFPA atuou no ensino a distância para crianças com transtorno de espectro autista e realizou investigação sobre o impacto do ensino remoto da alfabetização na pandemia.

Em Minas, a UFMG atuou em projeto de práticas educativas nas aldeias durante a pandemia, atendendo às especificidades dos povos indígenas e, de forma ampla, desenvolveu projeto de ensino e aprendizagem remota de matemática. No Tocantins, a UFT atuou no mapeamento de alunos de comunidades rurais, ausentes nas atividades e/ou desistentes, com inclusão de famílias, oferecendo acompanhamento e monitoria à distância.

Na área de saúde mental, a Unifesp, em São Paulo, realizou formação para educadores/as no tema da saúde mental, dentro do projeto intersetorial Cuidar e Educar sobre "Infâncias em tempo de pandemia". No Sul da Bahia, a UFSB desenvolveu pesquisa "Escuta sensível nas escolas": conhecendo a realidade das atividades remotas na pandemia e seus efeitos no adoecimento psíquico.

Essas, e tantas outras iniciativas, deixam nítido que a educação superior não descuidou da educação básica. Ao contrário: rapidamente percebeu o impacto, sobretudo nas escolas públicas, e atuou para minimizá-lo. Estudantes que se envolveram nessas ações, e futuramente serão novos professores, tiveram um aprendizado ético e acadêmico fundamental nesse momento de crise, que exigiu atenção, solidariedade, criatividade, acolhimento e ação direta.

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