Frieza. Ignorância. Crueldade.
Tratar bem os animais domésticos é dever de todos.
Na França, uma empresa revela.
Peixinhos dourados podem enlouquecer.
A causa? Aquários pequenos e redondos.
Dona Maria Helena ficou impressionada.
–Puxa. Nunca pensei.
Na casa dela, o peixinho tinha nome e sobrenome.
–Príncipe Giancarlo.
Ela conversava todos os dias com o pequeno animal.
–Oi, meu amor.
–Blub.
–Comprei raçãozinha para você.
–Glorg.
–É de outra marca, você não vai enjoar.
–Plup.
Giancarlo girava e girava dentro do pequeno globo de cristal.
–Será que ele está louco mesmo?
Maria Helena aproximou o rosto da borda abaulada.
–Parece tão feliz…
De fato.
O peixinho aproximou-se para investigar o rosto da aposentada.
–Será que eu preciso mesmo comprar um aquário maior?
A conta no banco não era nada dourada.
–Mais para o vermelho intenso.
Ela cogitava de outras possibilidades.
–Dar para algum vizinho?
Na cobertura, o empresário Rafaelli parecia estar bem de vida.
–E tem duas filhinhas.
Mas aí haveria outra crueldade.
–Esse peixinho é a alegria da minha vida.
Solidão. Tédio. Falta de amor.
–A outra alegria é dourada também.
O uisquinho começava às três da tarde.
O sono chegou depressa.
Junto, veio a visão romântica.
Um jovem apareceu na suíte.
–Maria Helena. Me solta. Me libera.
Olhos escuros e hipnóticos. Cabelos loiros. Com toques de vermelho.
–Príncipe Giancarlo? Você virou gente?
–Me leva para a cobertura.
–Mas… não quer ficar comigo?
–Prefiro o empresário… aquele que você falou.
A visão se evaporou.
Maria Helena já se desfez do peixinho.
–Ingrato. Metido a besta. Interesseiro.
O ser humano, por vezes, é como um pequeno peixe.
Quando o apartamento é tipo estúdio, a mente se povoa estranhamente.
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