Voltaire de Souza

Crônicas da vida louca

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Marlon Brando não morreu

Na mente idosa, a memória costuma pregar peças

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Voltaire de Souza

Arte. Suspense. Tiroteio.

O cinema é, ainda, a melhor diversão.

Um clássico volta às salas da cidade.

O Poderoso Chefão.

O sr. Lineu se lembrava com saudade.

--Aquilo sim que era cinema.

Parece incrível.

Mas o filme estreou há 50 anos.

--Hoje em dia...

Ele provava um cálice de vinho.

--Tudo deteriorado.

A mulher dele se chamava Odile.

--Engraçado. Acho que nunca vi esse filme.

--Como não. Claro que viu.

--Não vi.

--Viu.

--Não vi.

Quando a polarização é forte, o jeito é conciliar.

--Se você começar a assistir, com certeza se lembra.

--Hã. Pode ser.

Lineu tirou do armário seu velho aparelho de VHS.

--Será que ainda funciona?

--Vai, Lineu. Liga aí.

O televisor Sanyo Circuito Integrado despertou aos poucos da sesta vespertina.

Odile abriu um largo sorriso.

--Ah, claro. Esse aí eu conheço... é o Marlon Brando?

Lineu retirou-se da sala para pegar mais um drinque.

Da cozinha, veio o recado nervoso.

--Isso não é o filme, caraca.

--Hã?

--É o Lula, pô. No noticiário da tarde.

O veterano líder dava entrevista usando paletó risca de giz.

--Não sabia que ele era da Máfia...

A política é como um filme em VHS.

Por vezes, alguém se lembra de rebobinar a fita.

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