Carne. Óleo. Combustíveis.
O povo sofre.
É a volta da inflação.
João Eulálio era um jovem liberal.
–Não podia ser de outro jeito.
Ele analisava as tabelas em seu laptop.
–É a velha lei da oferta e da procura.
Os economistas conhecem isso na palma da mão.
–Falta um produto, o preço sobe.
A noite avançava tranquila pela região do Alto de Pinheiros.
–Veja o caso da carne.
Os seus dedos corriam rápidos pelo teclado.
–A oferta diminuiu.
João Eulálio tomou um gole de chá.
–Qual a causa disso?
Ele balançou a cabeça.
–Os ecologistas. O pessoal do meio ambiente.
A explicação era simples.
–Ficam impedindo a expansão dos pastos.
O tom de voz ia aumentando.
–Protegendo as florestas.
João Eulálio olhou para o teto.
–Quem vai ser pecuarista neste ambiente hostil?
Tudo se resumia a um problema claro.
–Entraves à produção.
A causa indígena também foi lembrada.
–E o Bolsonaro fazendo média.
O presidente recebeu a Medalha do Mérito Indígena.
–Cadê a Medalha do Mérito Zebu?
A conclusão veio com algumas migalhas de biscoito.
–Falta coragem aos nossos liberais.
Tocou o celular.
Um amigo dava notícias da Ucrânia.
–Mulheres lindas, cara.
–Loirinhas mesmo?
–Claro. E fáceis.
–Não me espanta.
–Fáceis porque são pobres.
–É a oferta abundante…
–E o dinheiro curto.
João Eulálio ficou pensando.
–Bom… na verdade, elas não são muito o meu tipo.
–Ah, vai, João Eulálio.
–Gosto mais das morenas. Bem brasileiras.
–Boa sorte aí então, cara.
–Pode deixar. A renda aqui está baixando que é uma beleza.
–Na classe média também, né.
–Nunca desisti do meu Brasil.
O preço da carne, conforme o mercado, oscila muito.
Mas serão sempre firmes as convicções de quem tem o garfo e a faca na mão.
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