Arte. Criatividade. Glamur.
O mundinho da moda se agita novamente.
É a São Paulo Fashion Week.
O famoso estilista Kuko Jimenez dava os últimos retoques no seu desfile.
–Trata-se mais de um protesto.
Desmatamento. Fome. Desrespeito.
–E tem a guerra da Ucrânia também.
Aí não era difícil.
–Contratei cinco top-models de lá.
Ele ajustava o vestido da bela Potra Skoissova.
–Reparou no tênis dela?
Inspirado nas esteiras de um tanque de guerra.
A brasileira Juju Santoro fez uma pequena careta.
–Tanque de guerra a gente também tem…
–Calma, Juju. O seu modelito é legal também.
Um espesso tufo de pelos ruivos se ajustava a seu esquelético quadril.
–Homenagem ao mico-leão dourado.
Outras espécies ameaçadas também se levavam em consideração.
–Bibiana, vem cá.
A exótica morena usava só um puloverzinho de cachemir importado.
–Azul e amarelo. Homenagem aos tucanos.
Fendas. Decotes. Aberturas.
–Todo espaço para a terceira via.
Faltava a apoteose.
–Meu vestido de noiva.
A ativista trans Lolah da Silva entrou sob aplausos na passarela.
–Sem véu branco nem grinalda.
Era um tecido de paraquedas com estampa de camuflagem militar.
–Uma advertência contra o golpe.
Na região da virilha, expunham-se os argumentos de Lolah em favor da ruptura institucional.
–Isso, Lolah. Mostra aí o seu estado de prontidão.
Foi quando Potra Skoissova se aproximou com ar de desprezo.
–Frakitsk. Nyun danyem prugást.
Lágrimas nasceram nos olhos de Lolah.
–O pessoal do quartel me elogiava tanto…
O glorioso passado de Lolah num batalhão da Aeronáutica significava pouco para a refugiada ucraniana.
–Piti Tikítsk… Mruchinyu. Ridík Kidadóv.
O mundo da moda é sempre muito competitivo.
E, sem dúvida, algumas lideranças militares podem aprender com isso.
Antes de começar o desfile, é bom conferir o estado do equipamento.
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