Pátria. Paradas. Preparativos.
Aproxima-se o Sete de Setembro.
No comitê eleitoral, a animação era grande.
—O presidente foi bem na entrevista.
—Bem? Foi brilhante.
—Brilhante e Ustra.
—Haha. Bem lembrado.
—Como estão as pesquisas?
—Você acredita em pesquisas?
—Não... é só curiosidade.
—Pois bem. O homem está subindo.
—O Sete de Setembro vai ser a consagração.
—Vai ter até trator.
—Sem contar a polícia e o pessoal dos clubes de tiro.
—Tanque, trator e trabuco.
O marqueteiro Farísio Salvatore ticava os pontos no papel.
—Sabe o que falta agora?
—Hã.
—Um novo Grito do Ipiranga.
—Independência ou Morte não serve?
Farísio balançou a cabeça.
—O empresariado não entra nessa.
—Mas e aí? O que é que pode ser?
—Deixa comigo. Tudo ensaiado. Olha aqui no vídeo.
Uma imagem aparecia e travava no laptop.
—O Paulo Guedes?
—O Posto Ipiranga, sacou?
—Vamos inv. Vamos investir que o Bra.
—Porcaria de sinal.
—O Brasil está cres... cresc. Krrrk.
—Falta ajustar umas coisas.
—Mas o Ipiranga vai gritar.
—Será que ele consegue?
—Consegue sim. Em último caso, arranjei até a maquininha de choque.
A voz do povo deve ser ouvida.
Mas quando tratores roncam e metralhadoras cospem, também o Paulo Guedes dá o seu pitaco.
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