Acordos. Conchavos. Projetos.
É a transição.
Carlos Euclides liderava um importante grupo de trabalho.
--Amigos. Não podemos esquecer algumas coisas.
--Fala, companheiro.
--O próximo governo não será deste ou daquele partido.
--Tá.
--É uma frente democrática. Estamos de acordo?
--Natural, Carlos Euclides. Agora, tem uma coisa...
--O quê?
--Os nomes para o ministério. Quem é que a gente põe?
--Mostra a planilha.
Uma longa tabela foi apresentada.
Carlos Euclides começou a balançar a cabeça.
--Xi... esse aqui...
--O que é que tem?
--O mercado vai chiar.
--Olha, não é na área de economia.
--Sei, sim, claro... mas...
Carlos Euclides apontou para outro nome.
--Essa aqui? É brincadeira, cara.
--Mas... no ministério da Mulher...
--A figura é muito polêmica. Os evangélicos vão me comer vivo.
--Bom... mas tem canibal entre eles também?
--Melhor não arriscar.
--E na Saúde, tem esses aqui.
--Rapaz. Isso é um golpe contra o setor. Não vamos bater de frente.
Era necessário pensar em alternativas.
--Nomes mais ao centro, pessoal.
--Puxa, Carlos Euclides... mas quem?
A tarde se estendia em calma sobre o Lago Paranoá.
--O Pazuello, pô. E a Damares. Não são tão ruins assim. E, acho que levando um papo...
--O Paulo Guedes colabora, né?
--Claro. Aliás...
--Ele sempre foi de centro.
--Uma espécie de filho pródigo, né...
--Mateus, 9, 23.
--Será que é esse versículo mesmo?
Carlos Euclides sorriu.
--Mateus, Lucas, João... no fim das contas tanto faz.
Nomes são importantes.
Mas o que realmente conta é manter o espírito da coisa.
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