Conhecimento. Perícia. Experiência.
Não é fácil da tarefa dos encarregados da transição.
—Nem muito à esquerda, nem muito à direita.
—Bem no centro.
—Mas cada um quer ir para um lado.
—Não podemos perder o eixo de referência.
—Correto.
—A operação é delicada.
—Mas não se pode contentar todo mundo...
—Haha, se fosse assim...
—A gente nem tentava, né.
—Mais equilíbrio, pessoal. E menos conversa.
—O que importa é se vai funcionar na prática.
—Afinal, não estamos lidando com teorias...
—Mas com gente de carne e osso.
—Olha, eu não quero discordar, mas...
—Mas o quê?
—Um mínimo de desmatamento é necessário.
—Pessoal, vamos ficar no básico. O resto é detalhe.
—Cuidar da infraestrutura.
—Claro, não se faz nada da noite para o dia...
—Mas em alguns meses a realidade vai ser outra.
—Mais alguns cortes?
—Com certeza. Quanto mais, melhor.
—Calma, pessoal. Sem tanto exagero.
—Claro que são necessárias medidas radicais...
—Mas sem perder o bom senso.
Fez-se um silêncio na sala fortemente iluminada.
—Acho que é isso, então, né?
—Um verdadeiro sucesso.
A enfermeira Cláudia pediu instruções.
—Posso levar o paciente para a sala de recuperação?
—O paciente? Não, não: A paciente.
—Verdade... leva um tempo para acostumar.
—Se chamava Orlando. Agora é Andreia.
Mais uma operação de mudança de sexo se completava no Hospital Santa Ismália.
Transições são sempre delicadas.
Mas o importante, como sempre, é não perder o rumo do centro.
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